Nelson Cebola Galego foi diagnosticado com um cancro em janeiro de 2017. O cancro não pode ser operado, é um Linfoma Não Hodgkin Difuso Grandes Células B, um nome grande e confuso, portanto, simplificando, encontra-se na zona dos pulmões e do coração. A tradicional quimioterapia já deixou de resultar e, hoje, a esperança é um tratamento revolucionário que existe apenas nos Estados Unidos. Como se adivinha, é caro… muito caro. Esta é a história do Nelson… mas podia ser a sua.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Dia mau! Dia menos mau! Dia assim-assim! Esta tem sido a vida de Nelson Cebola Galego de há um ano para cá. Provavelmente não terão sido muitos os dias bons desde que lhe foi diagnosticado um cancro em janeiro do 2017. Um cancro raro, complicado, extremamente agressivo. Um Linfoma Não Hodgkin Difuso Grandes Células B - no mediastino com extensão aos pulmões e perto do coração. Os tratamentos habituais foram realizados no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, mas já deixaram de produzir quaisquer efeitos, pois as células malignas reagem, adaptam-se e tornam-se imunes à quimioterapia.

Nelson continua a receber cuidados paliativos simplesmente para tentar que o cancro não se alastre mais, numa corrida contra o tempo à procura de um tratamento milagroso. Não admira, por isso, que chegue à nossa conversa cansado, cabisbaixo, com algum desalento. Mas não derrotado, isso nunca. Porque a esperança é a última a morrer, como se costuma dizer. Aquelas palavras pomposas que todos dizemos aos nossos amigos ou familiares que padecem de uma doença mais séria. Mas é muito diferente estarmos no lado do recetor, sermos nós que precisamos manter a esperança. Dia após dia. Enfrentando as dores… e o desespero.

Mas Nelson não desiste, a família e os amigos não lhe permitem isso, muito menos a mulher Ana Santos e a filha, a pequena Maria Rita de dois anos e meio. E a esperança, neste caso, até tem um nome, uma terapia de células CAR-T desenvolvida nos Estados Unidos da América e que o IPO já considerou ser um tratamento viável. Infelizmente, como em todos os tratamentos revolucionários, o valor é extraordinariamente elevado e, por isso, o Nelson precisa da ajuda de todos, das gentes de Almancil, do Algarve, de Portugal, de onde quer que sejam.

Para piorar ainda mais a história deste almancilense de 42 anos, tudo aconteceu quando atravessava o melhor momento da sua vida. Nelson andou entre Portugal e a Austrália, para onde a família emigrou quando ainda era pequeno. Apesar de ser pouco dado aos estudos, frequentou a escola até ao 11.º ano de escolaridade, passou pelo serviço militar obrigatório, na Marinha, e seguiu-se uma vida de trabalho em várias áreas de atividade. Em 1999 voltou novamente à Austrália, porque queria passar o milénio naquele país, e por lá ficou quatro anos, até as saudades o fazerem regressar às origens.

Em janeiro de 2017 casou-se com a sua companheira, Ana Santos, com a qual tem uma filha de dois anos e meio, a Maria Rita, estava a montar o seu próprio negócio… enfim, estava tudo a correr às mil e uma maravilhas. “De repente, surgiu esta doença na minha vida e tudo mudou”, conta Nelson Cebola. “Apareceram-me problemas na pele e comichões, depois comecei a ter dificuldades em engolir sólidos, à noite tinha febres internas altíssimas. Pouco a pouco fui ficando mais cansado, sem forças para nada, nem sequer para me deslocar e falar”, relata, de voz pausada, com dificuldade.