Prosseguindo uma política de proteção e valorização do seu património histórico e valorizando a sua identidade cultural, a Câmara Municipal de Loulé vai encetar obras de reabilitação num dos principais ex-líbris do Concelho - a Igreja Matriz de Loulé. Os trabalhos a realizar irão incidir em três intervenções distintas: a recuperação dos retábulos e altares e do pórtico de entrada; a recuperação e beneficiação do edifício com vista a resolver anomalias construtivas, funcionais e de segurança; e a regeneração do espaço envolvente.
Ainda em novembro deverá avançar a intervenção nos retábulos e altares, nomeadamente na Capela e Altar da Nossa Senhora da Conceição e Altar de S. Brás. Todos estes espaços apresentam deficiências ao nível da salubridade, desgaste dos materiais, instabilidade estrutural e, no geral, encontram-se em muito mau estado de conservação ao nível da madeira, arte azulejar e pintura mural. Uma vez que a Igreja está classificada como Monumento Nacional, estas obras de conservação e restauro pretendem respeitar não só os materiais como também a integridade de cada uma das peças a intervencionar. O custo estimado destes trabalhos é de cerca de 70 mil euros. A intervenção no pórtico de entrada da Igreja está em fase de concurso, enquanto que a intervenção na cobertura e fachadas está ainda em fase de projeto.
Localizada no Largo do Batalhão dos Sapadores dos Caminhos de Ferro na zona mais a sul do casco histórico de Loulé, junto à porta de Faro da muralha medieval, a Igreja Matriz de Loulé ou a Igreja de S. Clemente, deriva o nome da conquista da cidade aos muçulmanos, ocorrida a 23 de novembro, dia devotado a este santo mártir. Construída possivelmente no local ocupado pela mesquita muçulmana de Al’-Ulyà, a Igreja Matriz de S. Clemente remonta à segunda metade do século XIII, quando o Arcebispo de Braga incumbiu os frades dominicanos de construir vários templos cristãos no Algarve. De estilo gótico meridional, mantém a traça original, tendo-lhe sido acrescentadas capelas laterais no século XVI, de estilo manuelino.
Desde a sua construção que sofreu várias alterações ao longo da sua vida, sendo uma das últimas após o sismo de 1969 que obrigou a uma intervenção séria da Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, valorizando alguns elementos medievais adulterados na reconstrução oitocentista. Para os responsáveis municipais, esta intervenção reveste-se de especial importância, não só por tratar-se de um edifício com o estatuto de Monumento Nacional, mas também porque a Igreja Matriz de Loulé assume um papel central no contexto do Centro Histórico da cidade, sendo um testemunho vivo da história e da memória de Loulé que importa preservar e valorizar.