De 21 a 23 de julho, a vila
de Salir recuou ao período da Reconquista aos Mouros para três dias de
recriação histórica tendo como cenário aquela que foi uma das praças-fortes da
época. «Salir do Tempo» propôs um programa variado onde não faltaram cortejos,
torneios de armas, teatro, gastronomia, jogos tradicionais, música, artes
circenses e muito mais, tudo com o enquadramento histórico do Reinado de D.
Afonso III.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vítor Pina
D. Afonso III foi a figura central da edição deste ano do «Salir
do Tempo», evento que durante três dias (21, 22 e 23 de julho) animou a vila de
Salir com uma recriação histórica do momento em que o Algarve foi conquistado
aos mouros. As ruas estreitas e íngremes que levam às ruínas do Castelo de
Salir encheram-se de figuras de outros tempos, desde o monarca e a família
real, aos cavaleiros e escudeiros, passando pelos nobres, clero, cortesãs, pela
gente do povo e por um sem números de animadores, bobos da corte e bailarinas
de dança do ventre.
O resultado foi um ambiente social, político e militar da
Idade Média bastante fidedigno e que deixou de olhos arregalados os muitos
turistas curiosos por ver, «ao vivo e a cores», um pedaço da História de
Portugal. À sua espera estava um programa de animação repleto de torneios
militares a pé e a cavalo e exposições de armas e falcoaria, a que se somavam
dromedários, passeios de póneis, concertos de música medieval e recriações
teatrais como «Cortejo Mourisco de Ibn Mahfuz», «Juízo de Alá», «Família de
Mohamed Pão Duro Invade as Tabernas», «A Pedra da Moura Encantada», «Lavadeiras
D’el Rei procuram Cavaleiros», «Cortejo da vitória de D. Afonso III e D. Paio
Peres Correia» ou «Cortejo das Tochas pela alma dos guerreiros».
O recinto estava bem definido por zonas: de um lado o
acampamento militar de D. Paio Peres Correia, com uma exposição de máquinas de
guerra; do outro lado, o acampamento militar mouro e harém de Ibn Mahfuz. Houve
ainda o Castelo dos Infantes e Petizes (área infantil com o carrossel), ruas e
vielas de artesãos e mercadores, a Praça dos Artistas e o Pátio dos Casamentos
Clandestinos e Alguns Acasalamentos. Já nas Praças das Beberagens e do
Sustento, a gastronomia, enquanto herança cultural, foi outro dos atrativos
desta recriação e, para além das ementas, até mesmo os pratos ou copos foram apresentados
em materiais da época.
Os visitantes puderam encarnar o espírito da Idade Média
através do aluguer de vestuário da época e o mercado medieval trouxe um realismo
acrescido a uma vivência longínqua, com muitos produtos árabes – da bijuteria,
vestuário e cabedais às decorações – mas também com a venda de produtos que
eram a base alimentar da Idade Média. Realce ainda para a decoração do recinto
e para a atuação de dezenas de performers que, em constante interação com o
público, trouxeram momentos bem-humorados a um cenário que recuou vários
séculos no tempo.
Em jeito de balanço, o presidente da Câmara Municipal de
Loulé, entidade organizadora deste evento, sublinhou o interesse da parte dos
muitos visitantes que por aqui passaram na História e no património material e
imaterial desta vila do Concelho de Loulé, fielmente recriada no «Salir do
Tempo». Por outro lado, o autarca realçou o contributo de eventos como este
para a dinamização desta vila do interior nestes dias, atraindo mais turistas
para uma zona marcada pelos problemas de desertificação e envelhecimento da
população.
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__118