A temporada desportiva ainda vai sensivelmente a meio para Celina Carpinteiro, mas a docente de profissão já garantiu mais dois títulos de Campeã Nacional de Maratonas (BTT) e de Fundo (Estrada) para o seu riquíssimo palmarés. Segue-se o Campeonato de Cross-Country Olímpico neste fim-de-semana e, depois, diversas provas do calendário internacional.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Fábio Mestrinho/Motion Edition

Os dias de Celina Carpinteiro decorrem, como de costume, num ritmo desenfreado e depois de «despir» a farda de professora, em Silves, rumou a Boliqueime para conversar sobre a sua outra faceta, a de desportista de alta competição, uma verdadeira craque nas duas rodas, seja de BTT ou de ciclismo de estrada. A comprovar o seu gabarito estão as recentes conquistas de mais dois títulos de campeã nacional, um de Maratonas, em BTT, o outro de Fundo, em Estrada, sempre em Elite Feminina, a categoria onde estão as melhoras atletas das duas modalidades. Para completar o triplete falta apenas disputar o Campeonato Nacional de Cross Crountry Olímpico, no dia 23 de julho, em Valongo. “A partir dos 19 anos já se pode ser Elite e, após os 30, pode-se passar para os Master mas, atendendo à minha condição física e àquilo que ainda consigo fazer em termos desportivos, não faz sentido mudar de categoria”, analisa a atleta de 37 anos.
Face a esta decisão, Celina Carpinteiro compete com as melhores das melhores, algumas delas com quase metade da sua idade, mas a verdade é que não dá grandes hipóteses à concorrência e é sempre uma das principais candidatas à vitória. “Em Portugal ainda não temos nenhuma corredora profissional, tirando o caso da Daniela Reis, que pertence a uma equipa belga, e não me posso comparar, de facto, com quem já está nesse patamar. Contudo, olhando para aquelas que estão em situação semelhante a mim, que estudam ou trabalham, a história é diferente e dá-me um tremendo gozo correr no escalão de Elite”, prossegue Celina, de sorriso nos lábios, garantindo que o motor para o seu sucesso é estar constantemente motivada para ultrapassar novos desafios. “Pode ser participar numa determinada prova que é cativante pelo seu perfil ou dureza, ou, no quotidiano, continuar a manter-me competitiva em Elite, onde a qualidade das minhas adversárias é cada vez maior. Quero progredir todos os dias e posso afirmar, com alguma segurança, que este é o ano em que estou em melhor forma física”.
Em termos de escalão está o assunto arrumado e o mesmo acontece no que toca às duas modalidades que abraça com tremendo fervor, pois não consegue largar, nem o BTT, nem o ciclismo de estrada, embora o normal é as atletas acabarem por se especializar apenas numa vertente. “Essa questão foi-me colocada, há uns anos, pelo diretor desportivo de uma equipa, houve alguma pressão para me dedicar apenas à estrada e, à partir daí, tentar fazer mais alguma coisa a nível profissional. Mas não consegui tomar essa decisão, porque adoro o BTT, e porque provavelmente teria que abdicar também da minha atividade profissional como professora. Apesar de não estar num quadro estável, continuo a ser contratada, e gosto imenso de dar aulas, de estar com os alunos”, recorda a entrevistada o momento em que optou por não tentar seguir a via profissional.