A Turma PAE 2A da Escola Secundária Tomás Cabreira, de Faro, subiu ao palco do Pequeno Auditório do Teatro das Figuras, no dia 11 de maio, para interpretar «Sensações do Vazio», encenada pela atriz Tânia Silva. A peça integra um curso de formação profissional de Interpretação e, pelo que se viu nas duas apresentações ao público, há muita matéria-prima de qualidade para quem quiser seguir a carreira de ator profissional.
 
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O dia 11 de maio foi especial para os alunos da turma PAE 2A da Escola Secundária Tomás Cabreira, 16 jovens que se mostraram ao público, em dose dupla (11h e 21h30), no Pequeno Auditório do Teatro das Figuras, ao interpretarem «Sensações do Vazio». Um género de estágio final de ano letivo deste curso profissional de interpretação, produzido pelo Espaço Cénico Pesquisa Teatral e encenado por Tânia Silva, e que contou com as participações dos alunos do 11.º ano Aleksandra Wasilewska, Alexandra Gravanita, André Alfarrobinha, Carlota Tavares, Catarina Bento, Francisco Luiz, Inês Gonçalves, Inês Santos, Joana Santos, Patrícia Carvalho, Rafael Góis, Rafael Sousa, Rita Castro, Rodrigo Gonçalves, Susete Ris e Teodora Krusharova. 
Para «guiar» estes 16 jovens com pretensões de seguir a carreira de representação foi convidada a atriz farense Tânia Silva, num trabalho criativo que consumiu cerca de 200 horas e que arrancou a 30 de outubro. No início, a preparação tomava quatro horas semanais, havia também períodos em que não era possível conciliar a agenda de todos os intervenientes, uma vez que os encontros aconteciam normalmente aos sábados, no auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude ou na escola, intensificando-se depois os ensaios à medida que a data do espetáculo se ia aproximando. “A estreia ficou logo planeada para o final de abril, início de maio, também dependendo da agenda do Teatro das Figuras. Primeiro, tivemos que passar por uma fase de conhecimento, já que eles próprios tinham poucas aulas em conjunto. Foi um processo de autoconhecimento importante para falarmos todos a mesma linguagem e para que eles se ambientassem ao meu método de trabalho”, explica Tânia Silva, no final da primeira apresentação do dia.
Tratando-se do segundo ano deste curso profissional de interpretação, Tânia Silva encontrou jovens já com alguns conhecimentos desta arte e com as bases necessárias para estar em palco e preparar um projeto de raiz, mas não deixavam de ser adolescentes, sem experiência profissional no teatro, alheios a muitos pormenores que se vão dominando à medida que os anos vão decorrendo. “Por isso, o meu papel passou igualmente por lhes chamar a atenção para tudo o que estava a acontecer neste processo criativo, porque o teatro, para além de ser uma arte e uma forma de linguagem, de expressão, é também uma ciência. É como estar num laboratório, estamos a experimentar, a explorar, a construir e, se não estivermos conscientes de todos esses aspetos, depois as coisas não saem como devem sair, ou no momento em que têm que sair”, entende a entrevistada.
Reflexões que eram feitas oralmente, em conjunto, mas também por escrito, para que os alunos ficassem com estas bases para o futuro, que guardassem um registo físico de tudo o que ia decorrendo ao longo dos ensaios. “O que assisto muitas vezes é que as pessoas vão acumulando experiências, mas não refletem sobre aquilo que estão a fazer e esse conhecimento tem que ser consolidado. Os atores recorrem frequentemente a todas essas aprendizagens que vão fazendo ao longo da sua vida, porque não há um manual propriamente dito para nos explicar como ser ator. É a nossa experiência que nos ajuda a perceber como fazer as coisas”, justifica Tânia Silva, entusiasmada, um entusiasmo que era partilhado por estes 16 jovens que sonham ser atores. “Foi um grupo empenhado desde o início, estavam ali por sua vontade, porque é este o sonho que os une. No geral, o processo de trabalho foi bastante tranquilo, decorreu de forma fluída. Eu lançava os convites, os desafios, e todo o texto foi de criação coletiva, exceção feita ao Hino da Criação Védica e ao Enûma Elis, um conto da criação babilónica”

Leia a entrevista completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__58