Assinalou-se,
a 25 de novembro, o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher e a
Associação de Defesa Pessoal Sistema Elite DP voltou a organizar um workshop
especialmente vocacionado para o sexo feminino, no dia 28 de novembro, em
Tavira. Ao longo de mais de duas horas, o treinador João Pacheco e seus
assistentes transmitiram noções básicas de defesa pessoal em situações do
dia-a-dia com o intuito de dar umas luzinhas às muitas mulheres presentes e se
é verdade que ninguém domina as técnicas de um dia para o outro, a aula ajudou
a perceber que muitas tentativas de agressão podem ser evitadas de forma mais
ou menos simples e que não é preciso entrar de imediato em pânico.
Texto e fotografia: Daniel Pina
A Escola Secundária EB3 Dr. Jorge Augusto Correia, em
Tavira, foi o local escolhido pelo professor João Pacheco, da Associação de
Defesa Pessoal – Sistema Elite DP, para a realização do 5.º Workshop de Defesa
Pessoal para Mulheres, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Não
Violência Contra a Mulher. Foram mais de duas horas em que várias mulheres
assistiram, no dia 28 de novembro, a uma série de exemplos reais de tentativas
de agressão, rapto, violação e as melhores formas de evitar essas manifestações
de violência e depressa se percebeu que nem é preciso ser um craque de artes
marciais, com a fisionomia certa e em perfeição condição física para
neutralizar muitos atacantes.
No final do workshop, João Pacheco contou que esta
associação nasceu em 2008, depois de ter saído da Federação Portuguesa de
Defesa Pessoal, e que tem academias espalhadas um pouco por todo o Algarve,
designadamente Tavira, Castro Marim, Moncarapacho, Boliqueime, Quarteira,
Albufeira, São Brás de Alportel, Faro e Portimão, envolvendo 14 instrutores e
cerca de 300 alunos. “Acredito que a defesa pessoal vai começar, no curto
prazo, a fazer parte integral do nosso dia-a-dia. Não é apenas uma questão de
nos sabermos defender a nós próprios e à nossa família e amigos, mas também de ter
precauções básicas de segurança no quotidiano. Situações de ir a uma caixa de
multibanco à noite num local isolado e mal iluminado, ir a um sítio e
depararmo-nos com indivíduos suspeitos, acontecer uma confusão ou mal-entendido
num bar ou discoteca”, descreve este olhanense de 45 anos que dá aulas de
defesa pessoal desde 2006. “No fundo, é um trabalho de boa cidadania, de
compreensão, de dissuadir ou evitar situações perigosas”.
Um sistema de defesa pessoal que não foi criado
especificamente a pensar no sexo feminino, apesar de neste workshop só terem
marcado presença mulheres. “Este teve um pendor diferente porque é hábito da
Associação abrir as portas das academias às mulheres na semana em que se
assinala o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. É um workshop
especial para capacitá-las com técnicas e táticas simples, básicas e
suficientes para elas conseguirem inibir ou controlar um indivíduo que as
queira agredir”, frisa João Pacheco, adiantando que também realizam estágios
regulares onde os alunos, masculinos e femininos, demonstram as suas
capacidades, para além de cursos orientados para agentes de autoridade, onde
estes aprendem a aplicar técnicas sem recorrerem à violência física. “Dentro
das academias, a pessoa vai crescendo com o tempo e acumulando uma enorme
fluência de técnicas e táticas, de modo que, depois, nem precisa pensar muito
no que tem que fazer para evitar ou controlar uma situação de agressão”,
garante o entrevistado.
Enquanto arrumava o equipamento utilizado no workshop, João
Pacheco revela que o Sistema Elite DP engloba facetas de diversas artes
marciais e desportos de combate, daí que os praticantes não se aborreçam quando
não se identificam com este ou aquele estilo em particular. “Ao mesmo tempo,
fazem manutenção física e retiram benefícios psicológicos, pois verificam que
os casos ensinados nas academias são facilmente transpostos para o mundo real.
Os desportos de combate são, de facto, mais orientados para a vertente
competitiva e as artes marciais para a componente demonstrativa. Juntando tudo
num só e adaptando isto ou aquilo, obtém-se um estilo mais aplicável no
quotidiano”, sublinha. “Uma pessoa de 40, 50 anos, se vai para uma arte marcial
que tenha constantes projeções de corpo, depressa sofre mazelas e perde o
interesse. Se for um exercício mais pontual, já não se desmotiva, mas há
disciplinas onde o show-off é muito grande e nem todos têm fisionomia para as
praticar”.