No passado mês de junho, Karin Holmström Forster, especialista em comportamento canino e treinadora de cães de assistência, deu a conhecer o novo projeto da «Pawsitive Dogs Algarve» de treinar dois cães-guia que, no início de 2018, serão entregues a dois jovens deficientes visuais residentes no Algarve, região onde habita há 18 anos. Para tal, Karin e os seus dois cães começaram o treino a 21 de agosto, em Devon, na Inglaterra, com Alan Brooks, um dos mais experientes treinadores britânicos de cães-guia, já com vários artigos e livros editados. Neste período de treino, que terá a duração de 12 semanas, cada cão tem duas sessões de treino diárias. Para além desta componente prática, Karin tem de realizar um intenso trabalho teórico, composto por leitura de artigos e visualização de vídeos sobre treino de cães-guia e bem-estar animal.
Na sua estadia em Inglaterra, Karin constatou a diferença na integração dos deficientes visuais em Portugal e naquele país, onde teve a oportunidade de ver deficientes visuais a circular nas ruas com o apoio da sua bengala, cães-guia ou guias humanos. “Nas cidades há passadeiras com aviso sonoro e passadeiras com textura que ajudam os deficientes visuais a saber onde têm de atravessar e o sistema nacional de saúde suporta os custos de tratamento e equipamento necessários”, revela, acrescentando que “ser cego não é sinónimo de ficar confinado a casa”.


Com as competências e experiência obtida no treino com Alan Brooks, a «Pawsitive Dogs Algarve» pretende iniciar um projeto de treino de cães-guia no Algarve. “Tendo trabalhado toda a minha vida com pessoas, nas áreas da saúde e reabilitação e, mais recentemente, com cães e os seus donos, sinto que o meu maior contributo para a sociedade será dando independência e um amigo a alguém que, de outra forma, poderá não conseguir sair de sua casa", indica a especialista em comportamento canino. “Ao invés de criar cães de uma raça específica, pretendo treinar cães que se encontrem para adoção e que possuem as características necessárias, dando-lhes uma função e um papel que lhes permita ajudar os deficientes motores a conseguirem uma melhor integração na sociedade”, adianta, revelando que a sua ideia é treinar seis a oito cães por ano.