Foi a 11 de outubro de 2010
que nove amigos criaram o Laboratório de Artes e Media do Algarve, ou LAMA,
como é mais conhecido, com o objetivo de criar produções culturais na sua
região. Sete anos depois, João de Brito é um dos poucos resistentes do grupo de
fundadores, mas o LAMA continua bastante ativo e com diversas produções a ir a
cena de norte a sul do país, com o farense a reunir os profissionais mais
indicados para que cada projeto tenha sucesso.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Farense de nascença, mas a residir em Lisboa há vários anos,
João de Brito nunca cortou o cordão umbilical com a região onde cresceu e se
tornou ator e onde continua a desenvolver diversos projetos artísticos. Aliás,
nesta semana em concreto, deu aulas de «Movimento, Improviso e Voz» nos polos
de Faro e Portimão da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, realizou duas
sessões do «Pangeia», em Lagos e fez ensaios, em Faro, para uma peça no âmbito
do «365 Algarve», antes de regressar a Lisboa para gravar cenas para uma
novela. No meio de toda esta azáfama está, desde há sete anos, o LAMA –
Laboratório de Artes e Media do Algarve, uma associação cultural que acaba por
ser, na hora da verdade, uma companhia de teatro, com sede em Faro.
“Normalmente o catalisador é aquele que tem vontade de fazer tudo e, por vezes,
consegue transmitir essa energia e euforia para outras pessoas, que ajudaram
bastante no arranque do LAMA. Depois, como é natural, alguns foram saindo
porque têm as suas vidas pessoais e profissionais, enquanto a minha vida é
mesmo esta, as artes. Crio os projetos de espetáculos e oficinas e eles acabam
por aceitar as minhas propostas”, explica João de Brito, à conversa no Jardim
da Alameda, em Faro.
A decisão de rumar a Lisboa acabou por ser natural para quem pretendia viver apenas da cultura, nomeadamente da representação, mas isso não significa, como se referiu, que tenha voltado costas ao Algarve. “Sou um bocado nómada porque há muitos assuntos que tenho que tratar presencialmente, mas Lisboa possui uma oferta que Faro, ou o Algarve, dificilmente consegue ter. Há poucas estruturas profissionais, não há uma produção televisiva, faz-se pouca coisa na área da publicidade. Ou criamos espetáculos, ou damos aulas de Expressão Dramática ou Corporal. A animação em hotéis direcionada para turistas foge um pouco à minha estética. Falta massa crítica no Algarve”, analisa João de Brito, embora reconheça que o cenário está bem melhor do que há sete anos, aquando do nascimento do LAMA. “Na altura falamos com todos os nossos amigos para se tornarem sócios anuais, o que nos facultou o orçamento de arranque, depois organizávamos oficinas e tirávamos uma percentagem das receitas para os projetos seguintes. Mais tarde, conseguimos umas coproduções com algumas estruturas mais consolidadas e o Teatro das Figuras também nos adquiriu um espetáculo”, recorda.
Os anos foram avançando a um ritmo acelerado e, mais
recentemente, o LAMA venceu um apoio criativo da Rede Azul – Rede de Teatros do
Algarve para conceber e levar a cena a peça «Leôncio e Lena», bem como outro
apoio do «365 Algarve» para o espetáculo «Carripana», mas o entrevistado
destacou igualmente os apoios financeiros que a Câmara Municipal de Faro
recomeçou a dar às associações do concelho em 2015. “Fazemos tudo de forma
profissional e só avançamos para espetáculos quando há orçamento para os
concretizar”, frisa, confirmando que, nos tempos modernos, é normal as
associações criarem projetos não apenas com a «prata da casa», mas recorrendo a
freelancers que reúnam as características pretendidas. “Não estamos num sistema
ditatorial. Delegamos funções mas, inevitavelmente, as coisas começam a não
aparecer feitas e assumimos nós as tarefas porque temos vontade que os projetos
arranquem rapidamente. Contudo, preciso sempre de pessoas para a cenografia e o
desenho de luz e de atores para me acompanharem em palco, noutras situações
apenas trato da encenação. Já não é, de facto, aquele grupo de amigos que
começou com esta brincadeira que, entretanto, se tornou algo bastante sério”.
Leia a entrevista completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__129