O single «Bring Back The Man»
marca a estreia de Filipe Cabeçadas a solo, precisamente duas décadas desde que
iniciou a sua caminhada nas lides da música. Para trás ficou um trajeto que
incluiu diversas bandas de referência do pop/rock algarvio, sendo que, de há
uns anos a esta parte, integra o coletivo que acompanha Diogo Piçarra. Agora,
porém, é a vez de se aventurar sozinho, num estilo diferente daquele a que nos
tinha habituado, e a primeira amostra confirma o que já todos sabíamos… temos
artista … e de topo.
Entrevista: Daniel Pina
Foi em 1997 que Filipe Cabeçadas começou a dar os primeiros
passos na sua carreira de compositor, multi-instrumentista e produtor,
aprendendo a teoria no Conservatório Regional de Música do Algarve e colocando
esses conhecimentos, de imediato, na prática, na altura nos metaleiros Raw
Machine e Mindlock. O adolescente tornou-se adulto, mas não perdeu a sua
irreverência e continuou a integrar bandas de culto do panorama algarvio, casos
dos Melomeno-Rítmica, LUDO e Nome. Depois, começou a tocar como freelancer com diversos
múltiplos artistas, o último dos quais o também farense Diogo Piçarra. Pelo
meio, licenciou-se em Estudos Artísticos na Universidade do Algarve e fez uma
Pós-Graduação em Artes Musicais e Tecnologias da Música na Universidade Nova de
Lisboa.
Numa destas tardes outonais fomos dar com ele nos «Boxer
Studios», em São Brás de Alportel, a preparar o segundo videoclip do seu
trabalho em nome próprio, sendo que o primeiro «cheirinho», «Bring Back the
Man», já anda a rodar nas rádios e plataformas digitais há algumas semanas. “Era
uma vontade que vinha sendo maturada nos últimos dois anos, porque o formato de
banda já não servia para mim. No início deste Verão dei por mim a falar mal de
muitas coisas, até de alguns projetos artísticos do Algarve, e perguntaram-me
qual era o exemplo que eu dava. Fez-se uma faísca, não podia limitar-me a
apontar o dedo. Decidi «jogar-me aos leões» e quero que este trabalho tenha
mérito por mim, e não por alguns sucessos que tenha alcançado no passado
inserido em determinadas bandas”, explica Filipe Cabeçadas.
Uma prova de fogo que, em primeiro lugar, pretende mostrar
ao próprio Filipe Cabeçadas o que ele vale, não está demasiado preocupado com
aquilo que os outros vão pensar, e até escolheu um estilo musical diferente do
que trazia na bagagem. “Todos nós somos um animal em constante mutação. Não
somos a mesma pessoa que éramos há um ano ou há um mês, e os nossos gostos
refletem isso. Eu adoro heavy metal, mas fui ganhando outras sensibilidades
musicais que são mais desafiantes. Queria sair da minha zona de conforto
intelectual, não usar uma fórmula que domino por completo”, refere o
entrevistado, revelando que o primeiro single
foi composto em 15 minutos. “Nem pensei no género que a música era, nem com
aquilo com que iria ser conotado, estava simplesmente a tentar provar a mim o
que conseguia fazer”.