O CIAC e a Escola Superior
de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve organizaram, no dia 13 de
outubro, um seminário sobre Política e Comunicação, a cargo de Álvaro Americano.
A conversa incidiu sobretudo sobre a realidade brasileira, mas permitiu
perceber, igualmente, que a comunicação e a política andam de mãos dadas há
largos séculos como forma de influenciar a opinião e os atos das populações.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
O Anfiteatro Paulo Freire da Escola Superior de Educação e
de Comunicação, no Campus da Penha da Universidade do Algarve, encheu por
ocasião do Seminário «Política e Comunicação», da responsabilidade de Álvaro
Americano e promovido em parceria com o CIAC – Centro de Investigação em Artes
e Comunicação. Formado em Jornalismo e Mestre em Comunicação e Cultura, Álvaro
Americano está atualmente a tirar o Doutoramento em Comunicação, Cultura e
Artes, na Universidade do Algarve e do seu vasto currículo destacam-se a
experiência como repórter cinematográfico da TV Globo e repórter do Jornal «Tribuna
de Minas».
Desde 1990 que é professor do Curso de Jornalismo da
Universidade Federal de Juiz de Fora, no Brasil, onde leciona as áreas de Radiojornalismo
e Telejornalismo. É também docente e vice-coordenador da Pós-Graduação de TV,
Cinema e Mídias Digitais e professor na Pós-Graduação de Jornalismo
Multiplataforma. Nos últimos anos tem desenvolvido a sua investigação na área dos
cinejornais brasileiros, mas a palestra que proferiu perante uma plateia
de futuros jornalistas abarcou o papel da comunicação desde tempos longínquos.
“O poder sempre esteve ligado à comunicação através dos mitos e dos símbolos,
bastando olhar para o exemplo das legiões romanas. Transmitiam a imagem de
serem extremamente bem organizadas, uma verdadeira máquina de guerra, com
uniformes brilhantes e estandartes. Quando venciam as batalhas, faziam grandes
desfiles em que exibiam as riquezas que tinham conquistado, mas também os escravos
e os generais que tinham derrotado”, apontou Álvaro Americano.
Depois das vitórias, os romanos implantavam o seu modo de
vida nos territórios conquistados, de tal forma que as populações pensavam que
a sua situação até tinha melhorado, outra forma do poder utilizar a comunicação
para seu proveito. Este impacto visual do poderio militar e a forma como ele
influenciava os mais fracos foi utilizado por outras nações e regimes
políticos, nomeadamente pela Alemanha Nazi de Hitler, pela Itália Fascista de
Mussolini, pela Rússia e pela Coreia do Norte. “Com o avançar dos tempos, os
exércitos praticamente deixaram de se enfrentar nos campos de batalha, mas esta
forma de dissuasão continua a ser utilizada pelos regimes totalitários.
Funciona menos para o público externo, mas conserva o seu impacto no plano
interno”, julga o professor.
Álvaro Americano lembrou, igualmente, que o poder da
informação esteve, durante muito tempo, na posse da Igreja, porque eram os seus
copistas que iam reproduzindo as grandes obras da época. “A desvantagem é que ela
só deixava ler o que tinha a ver com a fé católica e, pior do que isso, quando
os copistas não concordavam com o que estava escrito, alteravam os textos de
acordo com o que era mais interessante para a Igreja”, referiu, adiantando que
este cenário se alterou aquando da invenção da impressão por Gutenberg. “Claro
que o primeiro livro que ele imprimiu foi a Bíblia Sagrada”, acrescentou, com
um sorriso.