A Associação Igualmente
Diferentes surgiu para auxiliar os portadores de deficiência que não conseguem
obter apoio das instituições já existentes na região, com o intuito de os ajudar
na sua inserção na sociedade e no meio profissional e de lhes proporcionar
melhor qualidade de vida. Depois de meter a «máquina a trabalhar» e de plantar
sementes, 2018 afigura-se como um ano muito movimentado, conforme nos contaram
Ricardo Monteiro e Ana Sofia Bexiga, presidente e vice-presidente,
respetivamente, da associação.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
No início desta história está um sonho, de Ricardo Monteiro,
que depois, com o seu entusiasmo e força de viver, contagiou outros, e assim
nasceu a Associação Igualmente Diferentes, a 28 de dezembro de 2016. Portador
de paralisia cerebral, o algarvio ficou sete anos numa cadeira de rodas e só há
alguns meses é que recuperou a capacidade de andar pelos seus próprios meios.
Nesse período, sentiu, na pele, a falta de apoio a quem tem alguma deficiência
física, mental ou cognitiva, uma vez que as instituições existentes no Algarve não
conseguem dar resposta a todos os pedidos de auxílio. “Estão completamente
cheias e não têm capacidade para ajudar aqueles que não são seus utentes. Há
muita gente fechada em casa, sem conseguir ir à escola, frequentar uma
associação, praticar desporto, ir à praia ou desfrutar de qualquer atividade de
lazer”, observa Ricardo Monteiro, presidente da Associação Igualmente
Diferentes.
Falta de respostas nota-se também no campo das terapias,
sabendo-se que estes homens e mulheres de todas as idades têm necessidade de
fazer fisioterapia a vida inteira. “Há várias clínicas dedicadas aos problemas
do dia-a-dia, mas não abundam os centros orientados para tratamentos mais
especializados. Os que existem são bastante caros e é impossível para alguém
que tem uma reforma de 300 euros suportar esses custos, na ordem dos milhares
de euros mensais”, prossegue o entrevistado.
Do sonho ao nascimento da associação propriamente dita houve
que cumprir, primeiro, os trâmites legais do costume, a criação de estatutos,
dos corpos sociais e de uma equipa multidisciplinar com fisioterapeuta,
terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, psicóloga, educadora social,
farmacêutica, assistente social, totalizando 14 elementos de várias áreas. “O
grande constrangimento, como se adivinha, é que todos temos vidas profissionais
um bocadinho agitadas, mas conseguimos alcançar os objetivos a que nos tínhamos
proposto para este ano zero. Tem sido um ano de semear, de dar a conhecer a
associação, de fazer candidaturas a apoios do Instituto Português do Desporto e
Juventude, nomeadamente no âmbito do programa «Desporto para Todos», mas também
da «Geração Z», que culminou na reativação do farol na Ilha do Farol”, conta a
vice-presidente Ana Sofia Bexiga.