Filipe Cabeçadas é, em simultâneo, compositor,
multi-instrumentista e produtor farense. O seu percurso musical começou em
meados de 1997, o resultado de uma rebeldia pura, baseada nalguma dificuldade
na afirmação e interação social. Estudou no Conservatório de Música, ao mesmo
tempo que formou os Mindlock e compõe sobre a revolta interior e o inconformismo
ao som do metal.
Juntou-se a outras bandas algarvias de rock independente,
tais como Melomeno-Rítmica, oLUDO e os Nome. Gravou discos, aprendeu a filosofia
das covers e dos bares e colaborou como freelancer com múltiplos artistas. Por
entre os anos, surgem as amizades, viagens e vidas cruzadas que trilham uma
forma de estar despreocupada, mas atenta. Um olhar humilde, mas crítico dos
tempos.
Em setembro de 2017, chegou a altura de recomeçar e de se
reinventar. O primeiro single em nome próprio «Bring Back The Man» foi
totalmente composto e tocado pelo próprio músico e leva um homem aos confins do
seu ego musical e elogia a filosofia do absurdo de Albert Camus. Um ato
narcisista, de afirmação da identidade fragmentada dos nossos dias. Um
agradecimento simbólico ao passado e uma celebração da vida presente. “Foi a
primeira canção que escrevi, depois de dois anos sem criar absolutamente nada. Numa
noite quente, em que me apercebi que a frustração me tinha conquistado,
enfrentei mais uma vez os fantasmas e derrotei-os com a música.
Inevitavelmente, teria que cantar sobre um voltar e um revoltar prometido a mim
próprio”, conta Filipe Cabeçadas.
No meio da confusão do espírito, veio a melodia e, ao som de
uma voz amiga, reergueu-se e voltou ao que era, no espaço de 15 minutos. “Depois
de tudo imaginado, peguei nos instrumentos e gravei-os um a um no Boxer Studios,
em São Brás de Alportel. Tive medo que a ideia imaginada não resultasse no
real. Felizmente tudo casou, assim nasceu algo novo e, simultaneamente, veio de
volta o homem que sou”, relata o farense. “Para dar imagem cinematográfica ao
tema, entrou em cena o realizador André Badalo, da Original Features, que
idealizou um videoclip sensualmente obscuro, com presença do conflito, da
solidão e do ressurgimento. Deu o seu toque à minha música e o circulo ficou
completo”.