José Júlio Brito, mais
conhecido por «Peregrino Algarvio», foi homenageado na segunda edição da Gala
do Desporto de Vila Real de Santo António, após a sua honrosa participação na
meia maratona do Campeonato da Europa de Atletismo Master. E, de facto, 2017
tem sido um ano em grande para este quarentão que começou a fazer longas peregrinações
e travessias para comungar com o seu «Eu» interior e que, depois, descobriu uma
aptidão natural para o atletismo.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Foi por via das longas travessias e peregrinações que José
Júlio Brito, de 41 anos, ficou conhecido do grande público, precisamente como
«Peregrino Algarvio», algo que continua a fazer regularmente nos seus períodos
de férias. A novidade, de há uns meses a esta parte, é que os fins-de-semana
passaram a estar dedicados ao atletismo, uma forma de manter o equilíbrio e de
ter novos desafios no dia-a-dia. “Começou por ser uma maneira de me preparar
fisicamente para as travessias, sem qualquer intuito competitivo, apenas me
preocupava em chegar ao fim das provas. Entretanto, num Caminho de Santiago, um
amigo espanhol chamou-me a atenção para o facto de possuir a estrutura física adequada
para encarar o atletismo com maior seriedade”, recorda.
Sem ter qualquer treinador ou preparador físico, mas com a
«pulga atrás da orelha», José Júlio decidiu inscrever-se numa prova na vizinha
Espanha, um trail de 55 quilómetros, e terminou em 10.º lugar da classificação
geral. Depressa surgiu o convite do Clube Recreativo Alturense para defender as
suas cores em corridas de corta-mato e de pista ao ar livre e o desafio foi
prontamente aceite. “Os treinos são exigentes, mas eu gosto de ser exigente
comigo próprio e estou nas competições a tentar o meu melhor, não a pensar nos
outros atletas. Se conseguir ficar à frente deles, ótimo, caso contrário, é
sinal de que tenho que trabalhar mais para alcançar os meus objetivos”, indica,
à conversa em Vila Real de Santo António.
O certo é que, em sete meses, obteve sete pódios, em
corta-mato, provas de pista e meias-maratonas, sinal de que, de facto, nasceu
para o atletismo. “Passei a levar tudo isto mais a sério e a estabelecer metas
mais audazes. Em algumas provas compito na geral, noutras no escalão Masters, a
partir dos 35 anos. Fiz o Campeonato Nacional de Pista ao Ar Livre e o
Campeonato Europeu, para além dos campeonatos regionais da Associação de
Atletismo do Algarve”, conta José Júlio Brito, lembrando que a sua estreia no
atletismo foi uma vitória nos mil metros, surpreendendo a todos pelo tempo
alcançado. “Foi uma prova muito violenta e rápida e 2’50’’ equivale a andar
perto dos 22 km/hora”.
Depois disso, obteve a Medalha de Bronze no Circuito
Provincial de Gran Fondo de Huelva e a Medalha de Prata no coletivo da
competição dos 10 quilómetros do Campeonato Europeu de Atletismo Masters,
realizado em Vila Real de Santo António, ambos em 2016. Em 2017, tornou-se
Campeão Regional de Veteranos nos cinco mil metros de Pista ao Ar Livre; foi o
4.º melhor atleta na sua primeira participação no Campeonato Nacional de
Veteranos, na distância dos cinco mil metros de Pista ao Ar Livre; foi 12.º no
Campeonato Europeu de Atletismo Masters, uma meia-maratona disputada na
Dinamarca; e venceu a Corrida do Coração, em Vilamoura, e a Corrida de São João
de Degola, na Manta Rota, as duas de 10 quilómetros.