Inserido nas comemorações do Dia do Município de Loulé, Salir acolheu mais uma Festa da Espiga, uma edição especial por assinalar o meio século desta tradição criada por José Viegas Gregório.

Texto: Daniel Pina  | Fotografia: Daniel Pina

De acordo com o calendário litúrgico, na Quinta-Feira da Ascensão comemora-se a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, encerrando-se, desse modo, um ciclo de 40 dias após a Páscoa. Nesta data celebra-se igualmente o Dia da Espiga ou Quinta-Feira da Espiga e, sobretudo no Sul do país, é tradição as pessoas irem para os campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres, fazendo ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver. Algumas espigas, geralmente de trigo, simbolizam a abundância, as papoilas, rosas, margaridas e malmequeres a beleza e o ramo de oliveira a paz. Este ramo, em número de combinações variáveis conforme as localidades, pendura-se dentro de casa e aí se conserva durante um ano, até ser substituído pela «espiga» do ano seguinte.
Ora, em Salir, a Festa da Espiga assume-se como um dos principais cartazes turísticos e etnográficos da região algarvia, tendo nascido, em 23 de maio de 1968, por iniciativa da Junta de Freguesia local, mais propriamente pelo presidente de então, José Viegas Gregório. Desde então, o acontecimento recebe milhares de forasteiros que ali se deslocam para apreciar o artesanato, a gastronomia, o folclore, a etnografia, a poesia e tudo o que há de mais genuíno no interior rural do Algarve.
Este ano, a Festa da Espiga assinalou as bodas de ouro e o evento arrancou no feriado municipal, 25 de maio, pelas 9h, com um Passeio de BTT e Passeio Pedestre «Trilhos da Espiga», que aliaram a atividade física ao contacto com a natureza e as belas paisagens da freguesia. O momento alto do programa aconteceu a partir das 15h, com o desfile etnográfico em representação de toda a atividade agrícola e artesanal da freguesia, parte dela que se encontra em vias de extinção, desde as sementeiras, mondas, ceifas, debulhas, fabricação de pão, apanha do medronho e destilação, apicultura e extração de cortiça, o varejo do figo, amêndoa e alfarroba, artesanato de linho, lã, palma, esparto, cestaria de verga.
Os participantes trabalharam «ao vivo e a cores», ao mesmo tempo que poetas populares declamaram os seus poemas feitos de improviso, com mensagens dirigidas aos responsáveis municipais, em jeito de pedido para determinadas intervenções na freguesia. O Rancho Folclórico «As Mondadeiras das Barrosas» e o Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão (Cortelha) juntaram-se ao desfile, com uma atuação a partir das 18h30, sendo que a noite foi preenchida pelos «Artesãos da Música», o baile tradicional com Fábio Lagarto e o artista Emanuel.
No segundo dia de festejos, 26 de maio, a tarde foi dedicada aos idosos, com uma Tarde Sénior, com baile tradicional e lanche, atuação do grupo de teatro juvenil Espaço K com a peça «Em alerta para não lhe acontecer» e do acordeonista Francisco Saboia. O desfile etnográfico realizou-se neste dia numa versão noturna. A partir das 22h30, a jovem fadista Raquel Tavares subiu ao palco para um concerto onde estiveram também fadistas locais – André Catarino, Filipa Nobre, Miguel Camões Martins e Beatriz Cavaco. Gonçalo Tardão animou o baile tradicional a partir da meia-noite.
No encerramento da 50ª edição da Festa da Espiga, a 27 de maio, o dia foi dedicado sobretudo aos mais novos. A partir das 14h, decorreram atividades para as crianças: II Torneio de Futebol «Os Espiguinhas», Tarde das Espiguinhas (animação e muitas surpresas), jogos infantis, lanche infantil e desfile «Miss e Mister Espiguinha». A partir das 18h30, o músico Afonso Dias animou o ambiente e, às 22h, o concerto de Sam Alone&The Gravediggers antecedeu o espetáculo final com os Blasted Mechanism, a partir das 23h30. Já depois da meia-noite, o Le DJ Solitaire faz as despedidas da Festa da Espiga.

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