Está patente, até 30 de
maio, no Centro Museológico do Alportel, uma exposição de brinquedos e
miniaturas construídas em madeira por José Venceslau. São peças funcionais,
criativas, desenvolvidas a partir de técnicas ancestrais, transportadas para os
tempos modernos, totalmente naturais e biodegradáveis que tentam combater a
utilização do plástico através da reutilização de madeiras usadas.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
José Venceslau é profissional de arte em gesso decorativo e os
brinquedos de madeira apareceram na sua vida há cerca de cinco anos, quando
esteve impossibilitado de trabalhar durante quatro meses por motivos de saúde.
O hobby, contudo, foi ganhando maior fulgor e depressa começou a participar em
feiras de artesanato do Algarve. “Fazia alguns brinquedos pequenos e o meu
filho mais novo, que tinha quatro anos na época, ia aprovando conforme
estivessem ou não do seu agrado. Eu estava habituado a lidar com peças de média
ou grande dimensão, mas o espaço disponível em casa era pouco e isto era uma
simples forma de terapia”, recorda José Venceslau.
Autodidata por natureza, foi aprendendo com a experiência ao
longo dos anos e ainda hoje continua a estudar novas técnicas todos os dias. E
a primeira miniatura que fez em madeira foi logo uma retroescavadora, com
algumas peças metálicas, parafusos, porcas, varões roscados, de modo a
construir algo articulado, que se movesse. “Já com o material na rua, e a
conselho de uma senhora, abdiquei completamente do metal, passei a utilizar
apenas madeira”, conta, explicando que a opção por recriar máquinas e viaturas
se deve ao seu fascínio pela imponência dos equipamentos industriais. “São
peças com um elemento técnico muito forte e que se tornam bastante agradáveis à
vista. Parte da mística estará associada, acredito, ao ato de converter algo que
é gigantesco numa miniatura”.
Máquinas, equipamentos, viaturas que, na sua maioria, são
feitas sem o elemento humano, o motorista, condutor, manobrador, como lhe
queiram chamar, por ainda não ter dominado na perfeição a construção desses
bonecos. “Uma parte da coleção tem boneco, que até já tem nome e esteve
previsto ser editado em livro infantil, mas isso acarreta outros encargos e
custos com gráficas. É um projeto para mais tarde”, revela José Venceslau,
adiantando que o hobby se tornou mais «profissional» logo ao fim de um ano de
atividade. “Uma empresa ia organizar um evento de Natal, convidaram-me para
participar e a reação do público foi bastante positiva, o que me levou a pensar
mais seriamente neste projeto. Andei seis meses a preparar tudo, a dar
maturidade às minhas ideias, e estreei-me numa feira em Almodôvar”, relata.
As figuras humanas estão em fase de aperfeiçoamento e
deverão aparecer, mais cedo ou mais tarde, mas o que não mudará é a tonalidade
das peças, pois José Venceslau não tem intenção de começar a pintá-las. “Isso
acabaria por industrializar o produto e esse não é o meu objetivo. Pretendo
manter os traços naturais dos meus brinquedos e miniaturas e que as pessoas se
identifiquem com a matéria-prima utilizada. Mas quem adquire uma peça pode
sempre personalizá-la e pintá-la ao seu gosto”, frisa o entrevistado, enquanto
ia compondo o material exposto no Centro Museológico do Alportel.