A Igreja Matriz de Loulé recebe, no dia 23 de abril, pelas
11h, um concerto integrado na 32ª edição do FIMA - Festival Internacional de
Música do Algarve, com a chancela do Programa «365 Algarve». Sob a batuta do
Maestro Vasco Pearce de
Azevedo, maestro titular e diretor musical da Sinfonietta de Lisboa, a Orquestra
Clássica do Sul e o Coro de Câmara «Lisboa Cantat» levam a Música Sacra de
Mozart a este espaço emblemático do património eclesiástico de Loulé.
A Missa Solene In Honorem Sanctissimae Trinitatis e alguns
dos mais notáveis motetes de Mozart serão apresentados de forma integrada na
celebração litúrgica de domingo, em Loulé. As composições sacras de Mozart foram escritas, maioritariamente,
antes dos 25 anos, no tempo em que trabalhou para o Príncipe-Arcebispo
Hieronymus Colloredo de
Salzburgo. Compôs então 20 missas, entre as quais a célebre Missa da
Coroação, além de numerosos motetos, antífonas, ladainhas, vésperas, e ainda música instrumental, como música
de órgão e sonatas de igreja
(sonatas da chiesa).
No período
clássico, as igrejas continuavam a ser um espaço privilegiado para compositores
e intérpretes, constituindo-se como verdadeira alternativa à música do teatro e
do concerto, em que brilharam fortemente os grandes clássicos vienenses. Nos
países de maioria católica aumenta o interesse pelas composições sacras, tanto
mais que o principal palco onde se desenvolveu o Classicismo (Viena, capital do
império austro-húngaro) era, por excelência, católico.
A Missa
Solene In Honorem Sanctissimae Trinitatis foi composta aos 17 anos, após o
regresso de Mozart a Salzburgo da sua última viagem a Itália, a 13 de março de
1773, e destinada à Festa da Santíssima Trindade, a 6 de junho, na Igreja da
Trindade. Poderá ter sido executada antes, na Igreja da Universidade. No ano
anterior, o Príncipe-Arcebispo Hieronymus Colloredo tinha decretado que uma
missa que compreende o Kyrie, Gloria, Sonata à Epístola (Sonata de Igreja), Credo,
Ofertório ou Motete, Sanctus e Agnus Dei não devia durar mais que três quartos
de hora, especialmente para uma celebração eucarística por ele presidida. Para
respeitar as ordens do patrão e, talvez, para manifestar o seu desagrado,
Mozart renuncia a todos os solistas e enriquece a orquestra com quatro
trompetes, um luxo pouco habitual para a época. Os solos são sacrificados à
massa coral e sinfónica para ganhar tempo.