Os cais de embarque de Faro, Olhão, Fuseta, Santa Luzia e Tavira, bem como das ilhas do Faro, Deserta, Farol, Culatra, Armona, Fuseta e Tavira, constituem uma galeria diferente para a exposição «Retratos na Ria», com fotografias de Jorge Jubilot e curadoria de Carlos Norton. A produção da Fungo Azul insere-se no Programa «365 Algarve» e vai estar patente até 30 de abril.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Jubilot

Inaugurou, no dia 1 de março, a exposição «Retratos na Ria», não numa galeria tradicional, mas sim nos cais de embarque de Faro, Olhão, Fuseta, Santa Luzia e Tavira e das ilhas do Faro, Deserta, Farol, Culatra, Armona, Fuseta e Tavira. Trata-se de um conjunto de 12 fotografias de Jorge Jubilot, distribuídas pelos 12 cais de embarque da Ria Formosa, uma das Sete Maravilhas da Natureza de Portugal, numa produção da Fungo Azul, com curadoria de Carlos Norton e apoio do Programa «365 Algarve».
Jorge Jubilot é um dos mais criativos fotógrafos da atualidade e a sua marca é a inspiração da paisagem para imagens únicas, onde transparecem a essência e a alma algarvias. Tem-se afirmado na região através do trabalho realizado para a editora Canal Sonora e participou no documentário «Ao Encontro das Músicas do Mundo em Sines», em 2007. Prémios também já conquistou vários, entre eles o 1.º lugar na «Fotodigital» (2003), uma Menção Honrosa na «Sentir Cabanas» (2006), concurso que venceu em 2008, e um 3.º lugar na «100 Anos da Restauração» (2008).
No que toca às fotografias agora expostas ao longo da Ria Formosa, resultam de uma coleção intitulada «Retratos Cinéticos», editada conjuntamente com o disco do mesmo nome da banda algarvia OrBlua, vendo agora a luz do dia com o intuito de estimular o gosto pela arte e atrair olhares para a beleza natural e artística da exposição. Em cada cais encontra-se uma peça que convida a desfrutar da Ria Formosa, numa forma peculiar de libertar a arte, tornando-a totalmente acessível aos passageiros e visitantes destas infraestruturas. “Para nós, enquanto associação, o «365 Algarve» não funciona tanto como uma oportunidade para fazer trabalho, mas como um desafio para pensar em novos trabalhos e oportunidades e aqui trata-se de educação, de criar hábitos”, considera Carlos Norton, responsável da Fungo Azul, associação cultural que tem como premissas o conhecimento, a recolha e registo, a preservação e promoção do património cultural e imaterial, o estímulo pela criação artística, a difusão e valorização dos produtos artísticos nas mais diversas áreas e a sensibilização dos públicos para as várias formas de arte.
Fomentar hábitos não só de consumo por parte do público em geral, mas de produção dos próprios agentes culturais, para que se consolide a ideia de que o Algarve possui condições extraordinárias para a criação artística. “Há muita gente a produzir, mas depois falha o elo seguinte: para onde vai esse trabalho. Às vezes fica esquecido em casa, fechado em espaços pequenos ou exposto em salas que não são visitadas, mas a falta de público é um problema que afeta todo o país”, entende o curador da «Retratos na Ria», que se propõe levar a arte junto das pessoas. “Apostamos em locais que são frequentados pelos turistas que visitam a Ria Formosa, mas também pelos ilhéus que todos os dias apanham os barcos de carreira. De certeza que vai mexer com eles, chegarem a um cais de embarque e depararem-se com uma obra de arte”, acredita Carlos Norton. “Se calhar, daqui a uns tempos, se passarem por uma galeria de arte que tenha uma exposição, alguns deles vão entrar”.
Já Dália Paulo, Comissária do «365 Algarve» não tem dúvidas de estarmos na presença de um projeto único e que se enquadra perfeitamente no espírito deste programa conjunto dos Ministérios da Economia e da Cultura. “Temos aqui pessoas a passearem num ambiente natural e a familiarizarem-se com a arte que se faz no Algarve, através das fotografias do Jorge Jubilot. É um projeto que faz sentido, porque o «365 Algarve» pretende estar disseminado por toda a região e em espaços não convencionais, onde a cultura se encontra connosco na rua”, sublinhou.