Sob a temática «Museus sem Reservas?», a Rede de Museus do Algarve levou a cabo uma jornada de reflexão, no dia 17 de março, no Convento do Espírito Santo, em Loulé, para fazer um balanço de uma década de existência, mas também para pensar o futuro.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

A Rede de Museus do Algarve nasceu, em 2007, como organização informal para reunir os profissionais da maioria dos museus, e outras estruturas e entidades da área do património cultural, da região algarvia e pretende assinalar o 10.º aniversário, ao longo de 2017, com um conjunto de iniciativas, sendo que a primeira teve lugar, no dia 17 de março, em Loulé. As Jornadas «Museus sem Reservas?» pretenderam questionar os limites da atuação dos museus e dos seus profissionais no seio das suas comunidades; descobrir e debater que tipo de reservas ou fronteiras mentais, científicas, culturais, sociais, económicas ou institucionais, ainda permanecem e determinam a vida das estruturas museológicas e patrimoniais do Algarve, constituindo-se, ou não, como um obstáculo ao seu desenvolvimento; perceber se, entre paisagens culturais e naturais, patrimónios, artes, saberes, o intenso ritmo e a complexidade da vida quotidiana, ainda haverá lugar para pensar, renovar, abrir ou transformar museus e, descobrir sem reservas, onde começa ou acaba a sua influência e responsabilidade; antecipar constrangimentos e abrir e propor novos modelos de atuação e respostas mais adaptadas à realidade e aos desafios contemporâneos das nossas sociedades, perspetivando outros modos de trabalhar e agir sobre a visão e a missão dos museus.
Perante um auditório do Convento do Espírito Santo recheado de homens e mulheres da cultura, José Gameiro, diretor do Museu Municipal de Portimão, lembrou que a Rede de Museus do Algarve tem sido, ao longo desta década, um lugar comum de partilha de recursos humanos, ideias e projetos. “Este encontro procura abordar todas as nossas dúvidas, reservas mentais, filosóficas e museológicas e também perspetivar o que o futuro nos vai trazer com a nova atmosfera administrativa de que se fala estar a caminho”, frisou o responsável pelo Grupo Coordenador da RMA. Por sua vez, Alexandra Gonçalves, Diretora Regional de Cultura do Algarve, sublinhou que a RMA continua a ser uma referência no plano nacional, tendo sido a primeira a ser criada em Portugal. “Este esforço de trabalho conjunto resulta da consciência das vantagens em conceber e implementar modelos de interligação informal entre diversos agentes, com objetivos e interesses comuns, que se autorregulam com base na confiança mútua”, indicou a representante do governo.
As vantagens das integrações em rede são amplamente conhecidas, estimulando a troca de conhecimentos; aumentando a competitividade dos territórios enquanto pensamento conjunto; possibilitando a concertação de ofertas e a sua itinerância; permitindo o desenvolvimento de projetos conjuntos e a partilha de recursos técnicos, humanos e financeiros; entre outros. “Certamente que as condições, aquando da criação da RMA, não são as que existem atualmente e há que refletir sobre essa mudança. Será que os fundamentos que estiveram na sua base ainda se mantêm? Como é que os museus algarvios se têm relacionado com as problemáticas da região? Que mais-valias este projeto regional tem trazido, e para quem? Qual vai ser o futuro da RMA? Vale a pena continuar? São perguntas que devem estar na ordem do dia”, referiu Alexandra Gonçalves. “É normal existir um plano de intenções e, depois, um de concretizações, que são, por vezes, divergentes, porque tudo depende dos recursos que existem para a sua implementação. A melhoria contínua na ação nem sempre é possível, mas deve ser um objetivo a prosseguir”, reforçou a Diretora Regional de Cultura do Algarve.

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