Carlos Abade, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal |
Esta temática é de importância vital para os empresários do
turismo no Algarve tendo em conta as restrições desta região no âmbito do
Programa Portugal 2020, daí a presença de Carlos Abade, vogal do Conselho
Diretivo do Turismo de Portugal, num encontro que contou igualmente com as
intervenções do Presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Raul Martins,
e do representante da AHP no Algarve, João Soares, do Dom José Beach Hotel, de
Quarteira. “Depois de alguns anos claramente negativos, entre 2010 e 2014, com
muitos hotéis fechados durante o Inverno e com exploração deficitária, os dois
últimos anos têm sido francamente positivos para a operação hoteleira”, começou
por dizer Raul Martins.
Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal |
De facto, em 2015 já se assistiu a uma subida da taxa de
ocupação dos hotéis algarvios e dos preços médios praticados, com esta
tendência ascendente a confirmar-se no ano seguinte. “Mas muito há para fazer,
porque o Algarve tem muitos «Algarves». Não é só o interior e o litoral, mas
também o sotavento, barlavento e centro e todos têm pesos distintos, resultados
diferentes e assimetrias marcantes. Há que cuidar das infraestruturas e, no
Algarve, as acessibilidades continuam críticas”, lamentou Raul Martins, dando
os exemplos concretos da EN 125 e do Aeroporto Internacional de Faro. “Também
os eventos são fundamentais e é preciso avaliar sistematicamente se atingem os
objetivos pretendidos, como é o caso do «365 Algarve», para se fazerem acertos
e correções de estratégias”, reforçou o presidente da AHP.
Raul Martins falou também do emprego, da fixação da
população e da formação, assim como da necessidade dos empreendimentos
turísticos realizarem intervenções periódicas de manutenção, reequipamento,
recuperação e modernização. “Só assim se mantêm competitivos e aptos a
concorrer com a nova oferta que vai surgindo. Porém, os anos menos bons que
vivemos não libertam verbas para fazermos esses investimentos e o financiamento
bancário comum também não se afigura ajustado à hotelaria, visto que acarreta
um peso sobre a tesouraria que esta não suporta”, observou o dirigente
associativo.
Por seu lado, João Soares afirmou que fazer parte de uma
associação nacional é importante para se esbater a separação que existe entre o
Algarve e o resto de Portugal. “Claro que isto só é possível com a ajuda de
todos. A AHP é a maior e mais antiga associação de hotéis do país, contudo,
para pena minha, tem pouca representatividade no Algarve”, frisou, esclarecendo
que o objetivo não é fazer concorrência a outras associações existentes no
contexto regional e nacional. “Antes pelo contrário, queremos promover
parcerias, estarmos mais próximos uns dos outros e tomarmos posições conjuntas
em relação às matérias que tenham a ver com a melhoria do Algarve e das nossas
infraestruturas, para que possamos receber os nossos turistas de uma forma mais
acolhedora”, salientou o diretor-geral do Dom José Beach Hotel.
O convidado especial do encontro foi Carlos Abade, vogal do
Turismo de Portugal, que deu a conhecer a Linha de Apoio à Qualificação da
Oferta 2016, um instrumento de crédito que visa proporcionar às empresas do
setor do turismo melhores condições no acesso ao financiamento, estando dotada
de 60 milhões de euros e resultando de um protocolo assinado com 12
instituições bancárias. De acordo com os critérios fixados no protocolo, que
vigora até 31 de dezembro do corrente ano, será privilegiado o
investimento em projetos distintivos e inovadores, assim como
na requalificação de empreendimentos turísticos, no sentido de os
posicionar e afirmar em segmentos de maior valor acrescentado. O
desenvolvimento de projetos de empreendedorismo na área da animação
turística, bem como de projetos na área da restauração de interesse para o
turismo, estão também entre os eixos de investimento contemplados.
João Soares, representante da AHP no Algarve |
De realçar que esta linha de crédito privilegia os projetos
que, pelas suas caraterísticas, contribuam para a dinamização turística dos
centros urbanos, privilegiem a fruição do património cultural edificado e a
reabilitação urbana, se traduzam em novos negócios turísticos, nomeadamente na
área da animação turística, sejam energética e ambientalmente sustentáveis, e
contribuam para a permanência média do turista e para a redução da
sazonalidade. O novo instrumento está acessível a empresas turísticas
de qualquer dimensão, independentemente da sua natureza ou forma jurídica,
desde que cumpram as condições estipuladas. Quanto ao montante máximo do
financiamento concedido, poderá chegar aos 75 por cento do valor do
investimento elegível, estando definido o valor de 2,5 milhões de euros
como limite máximo de investimento do Turismo de Portugal em cada operação, com
exceção das candidaturas desenvolvidas em cooperação, agregadoras de várias
empresas, em que o limite será de 3,5 milhões de euros.
As empresas podem candidatar projetos de requalificação
de empreendimentos turísticos existentes, incluindo a ampliação dos mesmos, ou
até a criação de empreendimentos turísticos, desde que se demonstrem
diferenciadores em relação à oferta existente e importantes para o
posicionamento competitivo do destino, ou resultem da adaptação de património
cultural edificado classificado ou de intervenções de reabilitação urbana em
áreas de interesse turístico. São ainda elegíveis a criação e
requalificação de empreendimentos, restauração, equipamentos ou
atividades de animação, desde que de interesse para o turismo e se diferenciem
da oferta existente na região. Os fundos públicos irão também apoiar o
desenvolvimento de novos negócios turísticos, no contexto do
apoio empreendedorismo no setor, que apresentem um investimento
elegível máximo de 500 mil euros, sejam promovidos por pequenas ou médias
empresas a criar ou com, no máximo, dois anos de atividade completos.
Há, todavia, outras linhas de apoio do Turismo de Portugal à
remodelação de empreendimentos turísticos, como é o Sistema de Incentivos no
quadro do Portugal 2020, o Programa Valorizar, os Fundos de Capital de Risco do
Turismo, os Veículos de Capital de Risco IFD, os Fundos de Investimento
Imobiliários Turísticos, a Iniciativa IFRRU 2020, as Linhas Fundo de Inovação
para o Turismo e a Linha Capitalizar. Carlos Abade abordou igualmente o
programa FormAlgarve, que visa apoiar financeiramente a melhoria da
qualificação dos trabalhos e a conversão ou renovação dos contratos de
trabalho; o Programa Nacional de Formação Financeira Todos Contam, para promover
a formação financeira da população e das empresas; o Programa Vip.pt, de apoio
à captação e reforço de operações áreas; o Programa M&I Portugal, para incentivar
a realização de congressos e eventos corporativos e associativos em Portugal; o
Projeto «Portuguese Trails», que pretende posicionar Portugal internacional
como destino de cycling & walking,
cuja região-piloto é precisamente o Algarve; e o Programa «365 Algarve».
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina