O Município de Aljezur formalizou, no dia 7 de fevereiro,
uma parceria no âmbito do Projeto TerraSeixe – Gestão Ambiental Partilhada no
Sudoeste de Portugal com o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do
Território e Ambiente e a Ação Ambiental para o Barlavento Algarvio, consórcio
coordenador do projeto, tendo em vista a submissão de uma candidatura ao
Programa CRESC Algarve 2020. Considerando o valor global da candidatura de 75
mil euros com uma taxa de financiamento de 70 por cento, será comparticipado
pelo Município de Aljezur 7.500 euros, referente à parte de financiamento
próprio.
O projeto nasceu de preocupações com o estado de conservação
da biodiversidade na Bacia Hidrográfica da Ribeira de Seixe (BHRS), mais
especificamente, com a vulnerabilidade com a espécie Carvalho de Monchique
(Quercus canariensis), espécie endémica desta região. Como resultado destas
preocupações, e com interesse em criar sinergias e redes colaborativas a nível
local que promovam o desenvolvimento das comunidades locais, foi criada, em agosto
de 2015, uma parceria entre o GEOTA e a Ação Ambiental para o Barlavento
Algarvio.
Neste momento, o Projeto TerraSeixe conta com a colaboração
de mais nove parceiros: Câmara Municipal de Monchique, Câmara Municipal de
Aljezur, Junta de Freguesia de Odeceixe, Associação Vicentina, ICNF-DCN
Algarve, APA-ARH Algarve, Universidade do Algarve, Universidade de Évora e a
Universidade de Lisboa. Está em fase de apreciação a parceria com a Câmara
Municipal de Odemira. O projeto desenvolve-se como projeto-piloto de caráter
transdisciplinar na área da conservação da biodiversidade, uso do solo e das
alterações climáticas. Em particular, com a proteção e conservação de espécies
de distribuição restrita, como sejam as espécies endémicas e com a necessidade
de ordenar e gerir este território com vista a torná-lo mais resiliente face às
alterações climáticas, que já se fazem sentir ou que se prevejam, e em relação
às quais o Sul de Portugal é particularmente vulnerável.
Os objetivos gerais são: definição e implementação de boas
práticas de gestão que assegurem a conservação da biodiversidade e o restauro
dos ecossistemas num contexto de alterações globais emergentes; criar um
refúgio climático que se constitua como uma área experimental e demonstrativa
de medidas de adaptação e mitigação dos efeitos das alterações climáticas; criar
um centro de apoio à educação ambiental, ao ecoturismo, à investigação e ao
turismo científico, a nível internacional, na perspetiva do desenvolvimento
rural e promoção da economia local.
A área de intervenção do projeto é a BHRS, que inclui parte dos municípios de Monchique, Aljezur e Odemira. Esta área apresenta características biogeográficas únicas ao beneficiar do efeito amenizador do clima que decorre da proximidade do mar e do relevo acentuado que favorece a existência de vales encaixados onde se desenvolvem as linhas de água. Esta combinação de características geográficas e orográficas criou condições para a existência de um refúgio microclimático onde subsistem algumas espécies testemunhas de uma paisagem, comum no final do período Terciário, mas hoje praticamente inexistente em Portugal continental.A diversidade de flora e fauna conferem um valor inestimável às florestas autóctones desta bacia, valores, aliás, formalmente reconhecidos pela integração de grande parte deste território na Rede Natura 2000, Important Bird Areas e na Rede Nacional de Áreas Protegidas, que no seu total correspondem a 90 por cento da BHRS.