O Sítio das Fontes, em
Estômbar, foi palco da última exposição do fotógrafo profissional Vítor Pina,
de nome «Algarvios», no âmbito dos ENFOLA – Encontros de Fotografia de Lagoa
2016. A mostra vai continuar, todavia, a sua itinerância pela região e mais
projetos estão na mente do arquiteto paisagístico que se deixou apaixonar pela
fotografia depois de uma pescaria com um amigo.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Vítor Pina
Arquiteto paisagístico de formação, Vítor Pina tem dado nas
vistas, nos últimos anos, pelas suas fotografias de tirar o fôlego, como disso
são exemplo os 39 retratos que fazem parte da exposição itinerante «Algarvios».
E se as artes, nomeadamente o desenho, sempre estiveram presentes no nosso
entrevistado, o gosto pela fotografia só ganhou maiores contornos em 2008,
curiosamente devido a uma saída de pesca com um amigo. “Eu vivia na época em
Vila do Bispo, ele ligou-me um dia porque queria tirar umas fotografias ali da
costa e, dito e feito, levei-o comigo numa pescaria. Enquanto eu pescava, ele
ia tirando fotografias, longas exposições, com tripé e, passado um mês,
apareceu-me com as fotos impressas”, recorda Vítor Pina.
De repente, reacendeu-se um bichinho que já tinha dado
sinais de vida na sua juventude, mas que não prosseguiu porque não era um hobby
propriamente barato, entre adquirir o material, comprar os rolos e revelar as
fotografias. “A parte artística requer muitos ensaios, falhas bastante, o que é
diferente de se tirar fotos numa festa em que aproveitas praticamente todas.
Era caríssimo revelar as fotos nas lojas, com o digital tudo se tornou mais
fácil, é só fazer erase das que não
interessam”, refere, com um sorriso, numa conversa junto à Igreja Matriz de
Boliqueime.
Comprada a primeira máquina, Vítor Pina passa os anos
seguintes a fazer experiências, a aprender por si mesmo, no terreno e, com o
tempo, foram aumentando os seguidores da sua página de Facebook e as
solicitações para realizar trabalhos comerciais. “Nunca tive a ambição de
ganhar dinheiro com isto e até comecei por fazer serviços para outros
fotógrafos, nomeadamente em casamentos e outros eventos. É no campo que
realmente aprendemos”, justifica, não sendo um grande apologista dos tradicionais
workshops. “A teoria da fotografia vai muito para além do saber manusear a
máquina. Isso vem no próprio manual do equipamento e está disponível
gratuitamente na internet. No fundo, tudo se resume à abertura, velocidade e ao
ISO. O principal é perceber como vês as coisas e como queres passar a mensagem,
como produzes o resultado final”, defende.
Na opinião de Vítor Pina, é a criatividade e sensibilidade
que fazem um fotógrafo, não o dinheiro que custou o seu equipamento, e essas
aptidões nem sempre se conseguem aprender nos livros. “Nós somos um produto da
nossa formação e vivências e a forma como interagimos com o mundo vai
refletir-se no que vais fazer na vida. É lógico que estudo e tento ver as
abordagens dos mestres antigos mas, quando vou fotografar um assunto, não vou
com ideias pré-formatadas. Esta igreja é igual para qualquer pessoa que aqui
passe, mas cada um pode mostrar algo diferente dela”, considera.