A Casa do Povo de Messines comemorou, a 15 de dezembro, os 82 anos de existência, uma vida repleta de atividades desportivas, culturais, educativas e de apoio social ao serviço desta freguesia do barrocal do concelho de Silves.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Casa do Povo de Messines

Fundada em 1934, a Casa do Povo de Messines é uma das principais Instituições Particulares de Solidariedade Social do Algarve e é liderada, desde junho de 2009, por José Carlos Araújo, uma tarefa nada fácil devido às suas variadíssimas respostas, que vão desde a educação ao lazer, passando pelo desporto, pela cultura e pela área social. Os recursos, como é costume neste género de entidades, são escassos, pelo que o grande objetivo passa, invariavelmente, pela garantia da sustentabilidade no curto, médio e longo prazo. “Temos mais de 120 funcionários e custos mensais muito elevados, de modo que angariar receitas suficientes para equilibrar as contas é um trabalho diário bastante árduo”, garante o presidente da Direção, falando de um orçamento anual na ordem do milhão de euros. “No século XXI é preciso olhar de maneira diferente para estas instituições, porque os dirigentes deixaram de ser a componente mais importante do dia-a-dia. A Direção é um órgão que ajuda, ajusta, dá conselhos, mas tem que funcionar intimamente com o quadro técnico e os recursos humanos são muito caros, o que não é o mesmo que dizer que eles são muito bem pagos”, aponta José Carlos Araújo.
O presidente da Casa do Povo de Messines queixa-se, assim, da elevada componente fiscal que incide sobre os ordenados destes homens e mulheres que servem a causa pública, que ajudam os mais carenciados no terreno, e que condicionam, como é natural, a gestão do orçamento das IPSS. “O terceiro setor emprega, a nível nacional, mais de meio milhão de pessoas e tem um impacto no Produto Interno Bruto na ordem do 1,5%. No nosso caso, por exemplo, temos a creche, o jardim-de-infância e o ATL praticamente com lotações esgotadas e, numa freguesia como São Bartolomeu de Messines, com 10 mil habitantes, se não existisse esta resposta, a população sentiria muito mais dificuldades e teria mais despesas. Com toda a ousadia, mas também com humildade, provavelmente seremos das Casas do Povo de Portugal com maior dinâmica”, salienta José Carlos Araújo.
Face ao exposto, percebe-se que uma Casa do Povo desta dimensão não pode ser gerida à moda antiga, pelos tais carolas que dedicavam apenas algumas horas por semana à instituição porque as exigências, e as atividades desenvolvidas no quotidiano, eram bem menores. Hoje, estas IPSS são verdadeiras empresas e com um impacto enorme na vida das localidades, freguesias e concelhos onde estão inseridas. “Os dirigentes são, atualmente, uma mais-valia positiva, somos uma parte pró-ativa, mas é essencial que todo o quadro de pessoal seja capaz de vestir a camisola da instituição. Aqui, «vendemos» ação social, educação, aprendizagem, não vendemos um produto tradicional. Quando os pais optam por deixar os seus filhos na creche de uma Casa do Povo, eles precisam de ter confiança total de que eles ficam bem entregues. Esta responsabilidade tem que ser partilhada por todos os trabalhadores do terceiro setor”, defende o entrevistado, reconhecendo que nem todas as pessoas têm perfil para trabalhar numa Instituição Particular de Solidariedade Social.