Realiza-se esta sexta-feira, 2 de dezembro, pelas 18h, na
Sala Polivalente do Museu Municipal de Loulé, a performance «Filhos do Fogo de
Deus – Crónicas de uma história de opressão racial». Conceito desenvolvido pelo
Padre António Vieira, a performance permite trazer para o diálogo atual
questões ainda hoje problemáticas que se relacionam com os direitos humanos e
sociais e com a convivência entre povos de diferentes origens.
Esta é uma performance em formato de sessão de narração oral
num ambiente sonoro, que junta uma seleção de temas musicais a textos
históricos selecionados a partir de monografias, dissertações, inquéritos,
relatos e outros documentos da pesquisa histórica de Robert Edgard Conrad «Children
of God's Fire. A Documentary History of Black Slavery in Brazil». Os temas
musicais cantados falam da escravidão. Os documentos históricos serão
transformados em monólogos e diálogos, sem recurso a metáforas, e serão
contados por dois atores: um negro, Mário Spencer, e um branco, Thomas Bakk,
sublinhados por música incidental (composições contemporâneas para esculturas
sonoras, de Victor Gama). O roteiro e direção são de Tela Leão.
Pretende-se, no final da sessão, promover uma conversa e
troca de impressões com o público, aproveitando não apenas para discutir os
efeitos que ainda persistem na relação entre os descendentes de africanos e os
brancos europeus ou seus descendentes, que geraram e nutriram o racismo, como
também os casos de práticas de escravização que ainda persistem no século XXI,
que usam outras técnicas, abusam de diferentes etnias, e servem outros
mercados. A iniciativa insere-se nas manifestações no âmbito da década dedicada
pelas Nações Unidas aos afrodescendentes – «People of African Descent:
recognition, justice and development».