No seguimento das comemorações do Dia Mundial do Turismo, que este ano foi dedicado ao «Turismo para Todos», a Câmara Municipal de Tavira promoveu, no dia 27 de setembro, na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, um seminário sobre «Turismo Acessível – a caminho da igualdade». Perante uma plateia atenta composta por autarcas, empresários e especialistas na matéria, foi dada a conhecer, entre outros casos, a requalificação operada em Vilamoura nos últimos anos.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O seminário «Turismo Acessível – a caminho da igualdade» visava sensibilizar as instituições para a necessidade de criar espaços públicos livres de obstáculos ou adaptá-los ao usufruto de todas as pessoas, com ou sem limitações. A ideia é que, assim, todos possam desfrutar, em pleno, dos seus momentos de lazer, seja no quotidiano ou em férias, e para demonstrar o que pode ser feito nesta matéria foram dados a conhecer quatro casos: Vilamoura – Mobilidade Suave e Sustentabilidade; Anda Lisboa! Um Passeio Acessível; Parques de Sintra Acolhem Melhor; e Turismo Inclusivo? Nicho de Oportunidades.
A sessão de abertura contou com a participação de Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, e de Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, sinal de que este é um desafio, não só para um concelho em particular, mas para toda a região. “Podíamos ter feito palestras de tudo e mais alguma coisa neste Dia Mundial do Turismo, mas quisemos dedicar a nossa comemoração às questões da mobilidade, porque queremos que, em Tavira, elas entrem na ordem do dia. Para isso, é preciso fazer muita coisa, até porque a nossa cidade é difícil e complexa nesta matéria mas, com a reabilitação que está a acontecer, com o turismo sustentável que pretendemos e com as preocupações que estamos a ter, esse é o caminho a seguir”, afirmou Jorge Botelho, que é também o presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve.
Face ao crescimento do turismo sénior e ao próprio envelhecimento da população residente, estão, de facto, a surgir novas preocupações no que toca ao planeamento das cidades e que já não passam apenas pela questão das vias cicláveis, mas da própria circulação das pessoas a pé, evidenciou Jorge Botelho. “Ter uma cidade mais acessível não é só fazer rampas e carreiras dedicadas, ou apostar em modos suaves, é também trabalhar nos materiais que muitas vezes estão velhos e desadequados dos tempos modernos, colocando um conjunto de obstáculos que devem ser removidos. Para isso é preciso ter um conjunto de planos integrados, ainda para mais numa cidade histórica como Tavira”, defendeu o edil tavirense.
Presidente da autarquia de Tavira há sete anos, Jorge Botelho garante que estas preocupações não são recentes, mas há timings a respeitar e o socialista acredita que o Algarve está, finalmente, a olhar da mesma forma para as questões da mobilidade. “Nova legislação implica a reformatação de muitos projetos existentes, a legislação que vai sendo aprovado vai sendo transposta para os novos projetos e, por vezes, surgem contratempos para tornar as cidades acessíveis”, sublinha, dando o exemplo do acesso aos núcleos históricos. “O que queremos é uma cidade e concelho de Tavira para todos, e um Algarve verdadeiramente para todos, tanto na mobilidade pedestre, como nas mobilidades suaves. Para isso, todos devemos ter uma prática desportiva que combine com o turismo de qualidade e há muitos caminhos para se atingir esse objetivo, numa rede que se vai completando por fases”, considera, adiantando, contudo, que tal envolve investimentos bastante relevantes, o que, por vezes, atrasa a concretização dos projetos.
No uso da palavra, Desidério Silva voltou a enfatizar a necessidade de se tornar o Algarve sustentável ao longo de todo o ano e o turismo acessível é um dos elementos que pode contribuir para esse objetivo. “Há um conjunto de números que estão identificados e que são públicos sobre o turismo acessível e o turismo sénior, mas há que concretizar projetos e isso depende de uma parceria forte entre o público e o privado. Se os privados fazem um esforço para encontrar soluções para as pessoas com dificuldades de mobilidade, o setor público também o deve fazer”, defende o presidente da Região de Turismo do Algarve, lembrando que o Plano Estratégico da RTA contempla, precisamente, um conjunto de preocupações e intervenções sobre este assunto.
Certo é que o turismo acessível é uma das áreas que mais poderá ajudar o Algarve a combater a sua típica sazonalidade, já que é entre outubro e maio que a região é mais procurada por visitantes de idade mais avançada ou com dificuldades de mobilidade, motivo pelo qual Desidério Silva apela a uma maior articulação entre os privados que têm meios financeiros para investir e as autarquias e o poder central. “O Algarve tem estes turistas todos mas não existe, por exemplo, uma rede de transportes públicos que atravesse os vários municípios. Neste momento, há uma forte sensibilidade sobre este assunto, há pessoas no terreno que sabem eliminar barreiras, contornar obstáculos e encontrar soluções e isso tem que ser aproveitado”, indica.