Fernando Cabrita, António Miguel Pina e Gracinda Rendeiro |
A segunda edição do Encontro Internacional
Poesia a Sul arranca no dia 21 de outubro e traz a Olhão um programa recheado
de eventos em torno deste nobre género literário, mas também muita música,
exposições, teatro, debates, recitais e apresentações de livros. Depois de, em
2015, os participantes serem essencialmente portugueses e espanhóis, este ano
chegam à Cidade da Restauração poetas dos quatros cantos do mundo, desde o Chile
e Brasil ao Vietname, para além de muitos nomes consagrados da poesia europeia.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia : Daniel Pina
Realiza-se, de 21 a 30 de outubro, o II Encontro
Internacional Poesia a Sul, numa organização da Câmara Municipal de Olhão, com
muita poesia mas não só, pois as diversas atividades incluem música, exposições,
teatro, debates, apresentações, leituras e recitais, e com a presença de poetas
de renome mundial no lote dos confirmados. E tudo começa com o espetáculo de
spoken word de Napoleão Mira & Reflect, «12 Canções Faladas e 1 Poema
Desesperado», no Auditório Municipal de Olhão, a que se juntam a apresentação do
mais recente volume de Fernando Cabrita, o comissário e mentor deste festival,
de seu nome «Oito Livros de Oito Poetas» e a inauguração de duas exposições,
também no Auditório Municipal.
O dia 22 de outubro arranca com duas palestras no Museu
Municipal de Olhão, uma por Fernando Cabrita, sobre o poema «The Waste Land»,
de T. S. Elliot, a outra do espanhol Augusto Thassio, sobre os «Los Infantes
fala sobre a vida e a morte de Miguel Hernandez». Outro dos destaques deste
sábado é o debate «A Poesia e o Ensino», na Galeria Sul Sol e Sal, com as
presenças de Anabela Batista, Nélia Estevão, Paulo Penisga e Pedro Oliveira
Tavares. No domingo, dia 23, o espaço Cantaloupe recebe «Poesia com Vista para
o Mar», onde serão apresentados livros de Pedro Jubilot e Raquel Zarazaga,
havendo ainda leituras de textos por vários poetas. Há ainda teatro nos Mercados
Municipais, pelos Te-atrito, uma palestra de Teresa Rita Lopes subordinada ao
tema «Pessoa e o Livro do Desassossego» e mais espaço para leitura, sempre nos
Mercados Municipais, pelas vozes de Rogério Cão e Fernando Cabrita.
A segunda-feira é dedicada à apresentação dos livros de
Miguel Godinho e António Ventura e, no dia seguinte, é a vez dos autores Adília
César, Marco Mangas, José Luís Rua Nacher e Eladio Orta darem a conhecer ao
público as suas mais recentes obras. João Pereira, Pedro Tavares, Said
Trigaoui, Eva Vaz, Chi Trung e Luís Ene apresentam volumes da sua autoria no
dia 26 de outubro, sempre na Galeria Sul Sol e Sal. Este dia ficará ainda
marcado pela exibição da película «Howl», de Allen Ginsberg, na Sociedade
Recreativa Progresso Olhanense, e pelo espetáculo de poesia e música de João
Pereira e Eduardo Patarata, no espaço Cantaloupe.
A programação do «Poesia a Sul» prossegue na quinta-feira,
dia 27, na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, com uma homenagem ao poeta
algarvio Casimiro de Brito, no âmbito dos 55 anos da «Poesia 61 – A Geração de
1961 e a Nova Poesia Portuguesa». As atividades deste encontro internacional de
poesia prolongam-se até dia 30 de outubro, com atividades literárias, musicais
e lúdicas, numa edição que contará igualmente com visitas diárias de poetas a
escolas e lares do concelho e pela apresentação do Prémio Literário Escolar
João Lúcio.
Motivos para rumar a Olhão não faltam, então, para os
apreciadores de poesia e da cultura em geral e tudo nasceu de uma iniciativa do
advogado e poeta olhanense Fernando Cabrita, que rapidamente captou o
entusiasmo e o apoio da autarquia local. “Penso que a grande maioria das
pessoas percebeu que não se tratava apenas de um encontro de poesia que trouxe
essa arte a Olhão e nomes sonantes como Manuel Alegre, Nuno Júdice, Amadeu
Baptista, Teresa Rita Lopes, Emilio Durán ou Manuel Moya. O «Poesia a Sul»
atraiu um público que, para além de ouvir poesia, veio conhecer e divulgar
Olhão, houve vários comentários na imprensa espanhola, uma série de referências
nas redes sociais, considerando que era o encontro, realizado a sul de Lisboa,
que tinha maior representatividade, que tinha sido o grande evento no sul
peninsular”, destaca Fernando Cabrita.
O sucesso alcançado criou, de facto, alicerces sólidos para
a continuidade deste festival de poesia, mas o mentor garante que, mesmo que o
feedback e a afluência de público tivessem sido menores, haveria certamente uma
segunda edição do «Poesia a Sul». “É normal que nem tudo corra bem no primeiro
ano, com toda a necessidade de improvisar pois era algo inédito na região, com
decisões na hora sobre a mudança de salas ou pessoas que faltam. Após o
encerramento, quer os participantes, como os assistentes, perguntaram logo
quando é que se fazia um novo encontro destes, mas há que deixar que as edições
respirem. Não há capacidade física nem disponibilidade para se organizar outro
evento passados dois ou três meses”, explica Fernando Cabrita, daí o carater
anual do encontro.