Custódio Moreno é, desde o dia 12 de setembro,
o novo Diretor Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude,
regressando, 13 anos depois, a uma instituição que ajudou a construir, primeiro
como técnico, depois como adjunto, finalmente como Delegado Regional. Durante
década e meia, foi o rosto mais visível da Juventude no Algarve mas, com a
mudança de cor política no governo, saiu em 2003. Agora, está de novo à frente
de um IPJ que ganhou, entretanto, mais uma letra, o D de Desporto.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Volvidos 13 anos, são poucos os elementos que sobreviveram
da antiga equipa liderada por Custódio Moreno à frente da Delegação Regional do
Instituto Português da Juventude de Faro, mas as paredes do edifício localizado
junto ao Jardim da Alameda são as mesmas e recordam-se bem dos tempos áureos
duma instituição que era um verdadeiro porta-estandarte da juventude algarvia.
Por isso, pelos corredores, quase se pode escutar, sentir, os sussurros da
memória, como que dizendo «O Zeca está de volta». E, de facto, depois de ter
saído por vontade própria, em 2003, face à mudança do partido que comandava os
destinos da nação, o socialista Custódio Moreno está de regresso, agora a um
IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude. “Está a ser, não posso
mentir, um regresso bastante emotivo, porque este espaço diz-me muito. Longe de
mim pensar que voltava cá outra vez mas, sempre que passava em frente a este
edifício, sentia uma pele de galinha a arrepiar. Quando fui confrontado com a
hipótese de voltar, não hesitei. Da outra vez estive cá 15 anos, agora, 15 dias
não devem ser, mas não sei se serão apenas 15 meses ou cinco anos. O espírito
de missão é o mesmo, venho motivadíssimo e encontro uma equipa bastante mais
pequena e com muito mais responsabilidades”, aponta o professor olhanense.
Apesar deste cenário, Custódio Moreno rejeita, de imediato,
qualquer discurso do coitadinho, muito menos de empunhar a desculpa dos menores
recursos, humanos e financeiros. “Temos que ser parte da solução, não vamos ser
o problema. Não quero ser o Diretor Regional do croquete e do pastel de
bacalhau para ir às inaugurações, queremos deixar a nossa marca”, afirma, não
querendo fazer muitas comparações com a sua primeira passagem por esta casa.
“As falsas modéstias, às vezes, não nos ficam bem e tenho a consciência que
tínhamos feito um excelente trabalho. A vontade é a mesma, mas as coisas
mudaram, e a diversos níveis. As câmaras municipais fizeram um trabalho
fantástico no que toca às infraestruturas e, naquela altura, haver um vereador
com o pelouro da Juventude era quase um achado no deserto. Hoje, todos os
concelhos têm um vereador e técnicos especializados na área da Juventude”,
refere o entrevistado. Quanto ao Desporto, há muito que está consolidado e
Custódio Moreno dá o exemplo do programa «Desporto para Todos», que na época já
existia na Direção Geral dos Desportos. “É fundamental na vida de qualquer
sociedade, é sinónimo de progresso e desenvolvimento, une os povos”, considera.
Recuando no tempo, todos nos recordamos da figura quase
omnipresente de Custódio Moreno em tudo o que envolvesse a Juventude, nas
várias iniciativas que aconteciam no dia-a-dia, fossem da responsabilidade do
IPJ ou promovidas por um movimento associativo que estava a crescer a olhos
vistos no início da década de 2000. Mas também encontrávamos o Delegado
Regional pela noite adentro a colar cartazes dos eventos do IPJ com a sua
equipa de colaboradores, bem como em diversos espaços de animação noturna, indo
ao encontro dos mais jovens, ao invés de se limitar a esperar que eles lhe
fossem bater à porta do gabinete. Agora, um mês depois de assumir o cargo de
Diretor Regional do IPDJ, não pretende fazer nenhuma revolução, virar a casa de
cabeça para o ar, dizer que tudo vai ser melhor sob a sua liderança. “Há coisas
que estão bem-feitas e que são para ficar depois de arrumarmos a casa e de
ouvirmos a juventude, de escutarmos quem trabalha diretamente com os mais novos
no terreno. Estamos sempre a aprender, numa constante mudança”, salienta.