Chegou ao fim a fase de
diagnóstico dos Planos de Ação para a Mobilidade Urbana Sutentável, no
seguimento do compromisso para a mobilidade urbana sustentável no Algarve, com
os resultados a serem apresentados, no dia 26 de outubro, em Albufeira. Agora,
é tempo de desenhar novos modelos de mobilidade, de colmatar as deficiências
observadas, de ultrapassar os obstáculos identificados, rumo a uma Região
Carbono Zero.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
O Salão Nobre da Câmara Municipal de Albufeira foi palco, no
dia 26 de outubro, do Seminário «Vamus Caraterizar e Diagnosticar», no âmbito do
projeto de Mobilidade Urbana Sustentável da Região do Algarve, promovido pela
AMAL e cofinanciado pelo CRESC ALGARVE 2020 no âmbito do PORTUGAL 2020. O momento
representou a conclusão da primeira fase de trabalhos rumo a uma «Região
Carbono Zero», cujo intuito é pensar e planear o modo como nos vamos deslocar
no futuro e como o podemos fazer de forma mais eficiente, inclusiva e amiga do
ambiente.
O projeto é promovido pela Comunidade Intermunicipal do
Algarve, que representa os 16 municípios da região, mas inclui ainda um vasto
conjunto de parceiros com responsabilidades na geração de deslocações na região
que subscreveram a «Carta de Compromisso para a Mobilidade Sustentável no
Algarve». Por isso, o fórum contou com a participação de representantes dos cerca
de 50 signatários deste documento que, na parte da tarde, se dedicaram ao
lançamento da etapa seguinte deste projeto, nomeadamente as bases do desenho de
novos modelos de mobilidade, que integrarão o plano de ação com medidas a
adotar por cada um dos intervenientes na mobilidade, elencando potenciais
fontes de financiamento dentro dos diferentes pacotes de incentivos
comunitários. Com três Planos de Ação para a Mobilidade Urbana Sustentável
(PAMUS) em curso, recorde-se ainda que a AMAL vai ser a Autoridade
Intermunicipal de Transportes nos Transportes Públicos e na promoção da
Mobilidade Elétrica.
A abrir a sessão, Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara
Municipal de Albufeira, reconheceu que o Algarve tem algumas carências na área
da mobilidade, que são agravadas nos picos de afluência de turistas à região, o
que dificulta a circulação entre concelhos e mesmo dentro dos próprios
concelhos. “Vamos de uma ponta à outra do Algarve se calhar em menos tempo do
que se vai de Cascais a Lisboa, mas temos falta de transportes que satisfaçam
as necessidades da população e dos visitantes. É uma preocupação para o
bem-estar das pessoas, mas também para a saúde da nossa principal atividade
económica, o turismo”, frisou o edil albufeirense. “Precisamos das vias de
comunicação, da requalificação da EN 125, do acesso de Albufeira à Via do
Infante, mas também precisamos de circuitos que permitam andar a pé, de
bicicleta ou de motoreta e de transportes urbanos que sejam compatíveis entre
os vários concelhos”, acrescentou.
Quem não tem dúvidas da relevância do presente estudo para o
futuro do Algarve é Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira e
da AMAL, por se tratar da resolução de um problema que está perfeitamente
identificado há vários anos. “As ligações entre as nossas cidades, freguesias e
concelhos têm que ser melhoradas de maneira a que, no médio prazo, tenhamos uma
rede de transportes concertada e eficiente. O Projeto VAMUS é um contributo que
a AMAL e os municípios querem dar em função da qualidade de vida de quem cá reside,
de quem nos visita e da nossa mobilidade, que é um fator que, atualmente, não
favorece o nosso desenvolvimento, nem a igualdade de oportunidades. Há pessoas
que, por exemplo, não têm acesso ao mercado de trabalho porque não têm
transporte próprio nem conseguem ir de um concelho para o outro de transporte
público”, revelou Jorge Botelho.
A realidade é que a rede de transportes públicos, na sua
globalidade, pode funcionar bem melhor no Algarve e o projeto arrancou, como
seria de esperar, pela rede intermunicipal rodoviária, excluindo para já do
processo aquilo que, segundo os envolvidos, já funciona bem, designadamente as
redes urbanas. “No futuro, o objetivo é conseguir-se sincronizar as redes
urbanas rodoviárias com a rede ferroviária, mas não queremos iniciar a casa
pelo teto. Vamos começar com uma discussão boa, com uma participação dos 16 municípios
que, por unanimidade, decidiram abarcar neste projeto, e com resultados”,
frisou o responsável, sublinhando que o desempenho do Algarve turístico depende
de um sistema de transportes integrado. “Temos milhares de turistas neste
momento, e durante o Verão ainda são mais, que se cingem unicamente à realidade
do concelho onde estão alojados por falta de transporte para os concelhos
vizinhos. Todos contam neste projeto, os municípios estão nele de corpo e alma,
a participação do Instituto da Mobilidade e Transportes é absolutamente crucial
para o seu sucesso, mas vamos por fases, caso contrário, não chegamos a lado
nenhum”.