Depois de um concurso que opôs quatro agências
de todo o país, a Triplesky, de Bruno Fonseca, foi a escolhida para trabalhar toda a comunicação do resort de luxo
Vilamoura, conquistando, assim, mais um nome de renome internacional para a sua
carteira de clientes. Uns dias mais tarde, à conversa na moderna sede da
agência situada em Almancil, o jovem empresário desvendou alguns dos segredos
do sucesso num mercado hipercompetitivo e à escala global como é o do
marketing, comunicação e publicidade.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Vasco Célio - Stills
A vida profissional de Bruno Fonseca sempre girou em torno da
criação e desenvolvimento de marcas e, em 2008, decidiu aventurar-se a solo com
a Triplesky, numa altura em que Portugal se preparava para entrar numa profunda
crise, mesmo que pouca gente tivesse já conhecimento dela. Com empresas a
fechar a um ritmo alarmante, outras a baixar os preços para não perder
clientes, o jovem nascido em Lagos manteve-se fiel ao seu objetivo, ou seja,
prestar um serviço de qualidade superior que, como é natural, implicaria um custo
mais elevado. “O bom leva tempo a atingir e, felizmente, há clientes no
Algarve, e não só, que apostam nessa filosofia de qualidade”, afirma Bruno
Fonseca, à conversa nesta fábrica de ideias instalada no Vale Formoso Park, em
Almancil.
Algarve e não só porque a Triplesky já realizou vários projetos na
Madeira, Angola, Cabo Verde e Suíça, e focando-se no segmento específico de
resorts, hotéis e restaurantes, já que o empresário não acredita no
desenvolvimento de marcas de mil e um ramos de atividade. “Desde o início que
soube que tipo de equipa pretendia e que tipo de clientes me interessava,
depois, foi tentar arranjar formas de chegar a eles. Hoje, trabalhamos com dois
dos principais destinos turísticos do Algarve – Vilamoura e Quinta do Lago –
para além de termos desenvolvido toda a comunicação do Sheraton Pine Cliffs. O
nosso último projeto é a Ombria”, destaca Bruno Fonseca.
Um trajeto feito de passos consistentes, sem saltar degraus com a
pressa de atingir os objetivos definidos, não arrepiando caminho, mesmo quando
se sabe que a publicidade, a comunicação, o marketing, são das primeiras áreas
a sofrer cortes orçamentais quando as empresas passam por dificuldades. Mas
esses não são, claramente, os clientes da Triplesky. “Se quero um carro barato,
não vou à Porsche. Temos um mercado muito específico, com pessoas que valorizam
aquilo que fazemos. Também nunca tive uma equipa muito grande, somos oito,
atualmente, colaboradores mais capacitados, na minha maneira de ver. Do mesmo
modo, temos menos projetos, mas bem pagos. Portanto, uma empresa que queira
poupar nesta matéria, não é um potencial cliente nosso”, assume.
Menos clientes permitem dar uma maior atenção, ter um
acompanhamento quase constante ao longo do tempo, como é o caso da Quinta do
Lago, com quem trabalham há cerca de cinco anos. Noutros casos, porém, ganhar
ou perder um contrato depende da sensibilidade dos diretores de marketing ou de
comunicação, ou da filosofia da empresa, reconhece. “Alguns clientes buscam-nos
para lhes desenvolvermos a marca e, depois, procuram outros para o trabalho de
continuidade, por causa dos nossos custos”, refere Bruno Fonseca, enquanto
reconhece que o Algarve está mais sensível à importância da comunicação.
“Nota-se uma evolução positiva devido a muitos empresários que vieram de fora
com filosofias diferentes”.
Tal não significa que o Algarve seja um mar de rosas para os marketeers, porque ainda se encontram
pessoas que herdaram terrenos ou negócios, não possuem o devido know-how e cortam naquilo que lhes
parece mais supérfluo. “Não têm noção do peso da comunicação para os seus
negócios. Lembro-me, há uns anos, de construtores dizerem que não precisavam de
criar uma marca, porque lhes bastava abrir um lote de apartamentos que era tudo
vendido num instante. Quando a crise se instalou e se preocuparam em ganhar
mais nome no mercado, já não tinham verba disponível para isso”, relata Bruno
Fonseca.
Conselhos, desabafos, dicas, que rapidamente extrapolam da
realidade das empresas para a própria região, com o especialista a lamentar que
se promova sempre o Algarve da mesma maneira, junto dos mesmos mercados e
utilizando as mesmas ferramentas e argumentos. “Vai-se sempre às mesmas feiras,
com os mesmos stands. Obviamente que os fundos nem sempre são suficientes para
se fazer muito mais mas, de qualquer modo, sinto que as coisas estão melhores.
Os empresários de outros pontos do país e do estrangeiro que vieram para o
Algarve trouxeram consigo outras estratégias de promoção e isso obriga os
locais a evoluírem também. Mesmo assim, muitos ainda veem isto como um custo e
não como um benefício, até perceberem o sucesso que as outras marcas
concorrentes estão a alcançar”.