Castro Marim viu arrancar recentemente mais um
programa inovador a nível nacional de prevenção e combate à obesidade, com os
custos suportados pela autarquia local, somando-se assim a outros semelhantes
de combate ao tabagismo, de prevenção contra enfartes e de cuidados com a pele.
Programas que, regra geral, têm sido pautados por elevadas taxas de sucesso e
que já são uma marca registada de Francisco Amaral, o autarca há mais anos em atividade
em Portugal e que nunca colocou de lado a sua faceta de médico, primeiro ao
serviço da população de Alcoutim e agora dos castro-marinenses.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Acabadinho de sair de mais uma reunião de câmara, e porque o tempo
é escasso na vida bastante agitada de Francisco Amaral, quisemos aproveitar o
recente lançamento de uma campanha de combate à obesidade para fazer um balanço
de outros programas semelhantes dinamizados pela autarquia de Castro Marim nos
últimos três anos. Programas que não são baratos, uma vez que a câmara
municipal assume a totalidade das despesas, e cujo peso ainda é mais significativo
sabendo-se que não estamos a falar de orçamentos de centenas de milhões de
euros como acontece noutros concelhos de maior poderio económico. “A saúde é
algo que afeta determinantemente a vida das pessoas e, infelizmente, o Estado
não dá uma resposta útil em muitas situações, chegando mesmo a demitir-se das
suas funções nessa matéria. Em 1995, criei a primeira Unidade Móvel de Saúde do
país – hoje, a maioria dos concelhos já possui uma – porque sempre considerei
que a principal preocupação de um autarca deve ser o bem-estar dos seus
cidadãos”, começa por dizer Francisco Amaral.
Outra inovação do médico de profissão foi a introdução de
campanhas de vacinação contra a gripe, em 1995, em Alcoutim, algo que só há
meia dúzia de anos foi replicado pelo governo a nível nacional, mas as
carências continuam a ser muitas, contrastando com o facto científico de que a
longevidade média dos humanos tem vindo a aumentar gradualmente. “Os
portugueses vivem mais anos, mas é importante que tenham também mais qualidade
de vida. Ora, em Portugal, morre-se por AVC’s, enfartes, cancros e acidentes.
Os dois primeiros são doenças cárdio e cerebrovasculares e todos conhecemos os
fatores de risco: hipertensão, diabetes, colesterol, tabagismo, sedentarismo,
obesidade. A nossa UMS tem médico e enfermeiro permanentes e, se conseguirmos
controlar esses fatores de risco, já é muito bom”, considera o edil.
A primeira campanha a ser introduzida por Francisco Amaral
quando assumiu a presidência da Câmara Municipal de Castro Marim foi de luta
contra o tabagismo, reflexo de “uma injustiça flagrante”, na opinião do edil,
por entender que "o Estado explora a saúde e a algibeira dos fumadores durante
vidas inteiras". “Quando, mais tarde, uma pessoa quer deixar de fumar, nenhum
medicamento é comparticipado e as consultas de cessação tabágica são marcadas
para daqui a quatro ou cinco meses. Se hoje temos vontade de deixar de fumar,
será que isso ainda é verdade daqui a quatro ou cinco meses? Há uma série de
fatores que levam a que as taxas de sucesso dessas consultas rondem os 20 por
cento, seja em que parte de Portugal for”, frisa, acrescentando que, no caso
concreto de Castro Marim, a taxa de sucesso anda na ordem dos 85 por cento.
“Estou sempre disponível para atender as pessoas e tenho a grande vantagem do
meu chefe de gabinete ser psicólogo e acompanhar-me nestas consultas. Depois,
ninguém paga os medicamentos”, indica.
Acima de tudo, Francisco Amaral defende que se deve
considerar, de uma vez por todas, o tabagismo como uma doença que mata, como
uma toxicodependência semelhante ao consumo de cocaína ou heroína. “As pessoas
olham para o tabaco como um hábito social, mas eu ponho as cartas todas em cima
da mesa quando falo com os meus doentes. Explico tudo, que é uma doença para a
vida toda, que uma pessoa pode deixar de fumar mas, se daqui a cinco, 10 ou 15
anos, colocar um cigarro na boca, volta tudo à estaca zero”, refere, garantindo
que, com esta postura e frontalidade, não tem existido recaídas em quem
participa no programa de corpo e alma. “Claro que há alguns que se armam em
campeões e interrompem o tratamento a meio, e esses recaem. Já vamos em mais de
220 pessoas que deixaram de fumar, pelo que a iniciativa vale a pena e os
ex-fumadores ganharam anos de vida, qualidade de vida e pouparam muito
dinheiro. Bem-feitas as contas, os ex-fumadores de Castro Marim deixaram de
gastar umas centenas de milhares de euros só nestes três anos”, enfatiza o
médico.