Hugo Santos venceu a 2ª Taça Ibérica, torneio sob a égide das PGA’s de Portugal e Espanha que terminou, no dia 8 de julho, no Guardian Bom Sucesso Golf, em Óbidos. Na semana seguinte, o algarvio que veste as cores da Wilson Staff estava já a participar noutra competição, desta feita nos Açores, onde ficou em terceiro lugar, mostrando que continua a ser um dos grandes valores da sua geração. A par da vertente competitiva, Hugo Santos dá nas vistas também como professor de golfe, contribuindo para o crescimento de uma nova vaga de atletas de topo.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

É no Oceânico Laguna, em Vilamoura, que Hugo Santos passa a maior parte dos dias, a ensinar golfe às novas gerações de praticantes, mas também aos clientes deste campo, o que não significa que tenha colocado de lado a competição. Isso mesmo ficou mais uma vez demonstrado pela sua vitória na segunda edição da Taça Ibérica, prova organizada pela PGA Portugal e PGA Espanha e que teve lugar, de 6 a 8 de julho, no Guardian Bom Sucesso Golf em Óbidos. “Fui com o objetivo de dar o meu melhor, mas não com a obsessão de vencer. É uma forma de conseguir gerir melhor o meu jogo, não quero colocar demasiada pressão sobre o meu desempenho, e o torneio correu bem. Foram três voltas com um incidente no final do último dia, mas que se resolveu no último buraco”, conta, numa pequena pausa em mais um dia repleto de aulas.
Pausa que seria, realmente, pequena, pois Hugo Santos estava de abalada para os Açores, para participar noutro torneio organizado pela PGA de Portugal e pelo Clube de Golfe da Ilha Terceira. Contudo, a vida deste algarvio de 36 anos está mais direcionada para o ensino, o que o impede de realizar grandes treinos, aliás, diz que os seus treinos são as aulas que ministra no dia-a-dia e os Pro-Am que antecedem os torneios de profissionais. “Quando treinava todos os dias, metia na cabeça que os resultados tinham que aparecer obrigatoriamente e, se isso não acontecia, ficava chateado e frustrado. Agora, encaro as coisas de maneira diferente, jogo de forma mais descontraída, tendo divertir-me mais em campo e os resultados, felizmente, têm aparecido”, indica.
Hugo Santos que, como se sabe, é o irmão mais velho de Ricardo Santos, atleta que competiu no European Tour, estando esta época no Challenge Tour, a segunda divisão do golfe profissional no Velho Continente. E se as carreiras dos dois irmãos seguiram rumos distintos, tal não se deve ao talento de cada um, mas a questões de timing, à maior aposta que, por vezes, se dá ao golfe em Portugal, o que permite abrir janelas de oportunidade a alguns praticantes para competir além-fronteiras. “Com mais apoios é sempre mais fácil alcançar patamares superiores. Eu tive ajudas, mas não tanto como se consegue atualmente, porque é preciso encontrar as pessoas certas. Mas ainda bem para o golfe português que cada vez existem mais dessas pessoas para auxiliar os novos jogadores a terem sucesso na Europa”, refere o entrevistado.
Apesar de normalmente pagar as despesas do próprio bolso, o certo é que Hugo Santos tem deixado o seu nome marcado em várias competições. Assim, foi Campeão Nacional de golfe em 2012 e, depois disso, foi por três vezes Campeão da Europa de Profissionais de Ensino, competição onde vai participar, novamente, em outubro. “Quando comecei a ensinar, confesso que não era realmente o que queria fazer na vida e no início foi bastante difícil. Lembro-me perfeitamente da primeira aula que dei, a um casal com duas filhas, acho que senti mais pressão naquele momento do que se estivesse numa competição importante. Não estava à vontade naquela tarefa mas, com o tempo, fui aprendendo a gostar e a partilha de experiências com outros profissionais de ensino ajudou-me a dominar as técnicas mais corretas e a saber como dialogar com os clientes”, reconhece.
Portugal que está bem servido de profissionais de ensino, garante Hugo Santos, e isso depois reflete-se na qualidade dos atletas. “Há mais formação, graças à forte união entre a PGA Portugal e a Federação Portuguesa de Golfe. Vilamoura sempre foi um clube que apostou na formação dos seus profissionais e jovens, mostrou o caminho a outros emblemas e, nos últimos anos, apareceram mais clubes com jogadores a ganharem torneios”, observa, de olhos postos no green do Oceânico Laguna, e satisfeito por haver uma competição mais aguerrida nas provas.