A maior competição mundial de vela para a classe de iniciação, o «Optimist World Championship», está a disputar-se, em Vilamoura, até dia 4 de julho. Em prova estão 400 atletas com idades entre os 11 e os 13 anos, oriundos de mais de 60 países, e o Algarve está representado na seleção nacional com dois dos cinco atletas, entre eles Guilherme Cavaco, do Ginásio Clube Naval de Faro. Foi, por isso, o momento certo para rumar à capital algarvia para conhecer um pouco melhor a história deste clube quase centenário.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ginásio Clube Naval de Faro

O Ginásio Clube Naval de Faro nasceu, a 19 de Janeiro de 1928, por vontade dos praticantes da náutica de recreio da capital algarvia e a primeira modalidade desportiva implementada foi o Remo, com a organização de várias regatas de embarcações tradicionais como a lancha e o saveiro. Depois, aos poucos, foi emergindo o principal porta-estandarte do clube, a Vela, e já nos anos 40, 50 e 60 se disputavam na Ria Formosa renhidas competições de «Sharpies» de 9 e 12 metros quadrados, «Volgas» e «Snipes». Velejadores como Fernando Prazeres, Jorge Leiria e Margarida Baptista começaram a dar nas vistas, mas foi a partir da década de 70 que se deu o impulso decisivo na modalidade, com uma geração de atletas de grande nível nacional e internacional como António Viegas, Pedro Melo, Paulo Sena Rodrigues, Rui Reis, entre outros. Foram estes que, posteriormente, se tornaram os mestres das novas camadas, das quais se destaca Hugo Rocha, Bicampeão Mundial, Campeão da Europa e Medalha de Bronze Olímpica. 
Momento decisivo na história do Ginásio Clube Naval de Faro foi a atribuição da concessão, em 1994, da Doca de Recreio de Faro, cujas receitas permitiram o aparecimento da Escola de Navegadores de Recreio, o ressuscitar do Remo de competição e a abertura da secção de Pesca Desportiva. E foi precisamente junto ao café e restaurante ali situados que estivemos à conversa com o presidente da direção Armando Cassiano, que prontamente confirmou que, sem estas verbas, seria impossível alcançar os resultados desportivos de excelência que têm pautado as últimas décadas do clube. “Temos a Medalha de Mérito Desportivo da República Portuguesa, o Hugo Rocha foi agraciado, em 2015, com uma Comenda, temos Medalhas de Ouro do Município de Faro. A nossa prestação a nível nacional é extraordinária e tudo baseado nas mais-valias que advém da concessão da Doca de Faro”, garante, explicando que esta concessão foi atribuída pelo Ministério do Mar, sendo o principal obreiro desse ato o antigo Governador Civil do Distrito de Faro, Cabrita Neto.
Como que a confirmar as palavras de Armando Cassiano, em 1996, Hugo Rocha e Nuno Barreto ganharam a Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos da América e, desde então, vários velejadores do Ginásio Clube Naval de Faro se têm distinguido em diversos campeonatos da Europa e do Mundo. “Temos uma Escola de Vela que traz ao de cima as melhores potencialidades dos nossos jovens, como se verifica neste «Optimist World Championship» que se está a disputar em Vilamoura. Apuramos dois atletas para a seleção nacional, mas apenas o Guilherme Cavaco está em prova, porque o William Risselin foi barrado na secretaria. O miúdo é belga, reside no concelho de Loulé, começou aqui no nosso clube e, devido à burocracia dos adultos e a leis extremamente injustas, foi privado de participar neste Campeonato do Mundo. A Legislação Portuguesa diz que apenas podem representar a seleção portuguesa os que tiverem nacionalidade portuguesa, independentemente de terem feito todo o seu percurso em Portugal, sendo certo que um miúdo de 12 anos não pode optar pela dupla nacionalidade”, critica o entrevistado.