Olhão festejou, a 16 de junho, o seu feriado municipal e recordou os 208 anos sobre o levantamento popular que, em 1808, expulsou as tropas de Napoleão Bonaparte desta terra e do Algarve. O programa de festividades prolongou-se por vários dias e incluiu diversas inaugurações, homenagens a personalidades do concelho e funcionários municipais e muita música pela noite dentro, com destaque para o concerto de Quim Barreiros.  
 
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Recuando até 1808, estava o Algarve ocupado pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte quando, em Olhão, a 16 de junho, deu-se um levantamento popular contra os abusos dos invasores. A revolta culminou com a expulsão dos franceses do lugar de Olhão e, por arrasto, de todo o Algarve, tendo partido, no mês seguinte, a bordo do caíque «Bom Sucesso», 17 homens de Olhão para dar a boa nova à Corte da Colónia, que estava refugiada do outro lado do Atlântico, no Brasil.
A tripulação levava uma missiva, extraoficial, na qual estava descrita a audaciosa atitude que os olhanenses tomaram nessa revolta, cuja recompensa se traduziu num Alvará com força de Lei, com que o Príncipe-Regente resolveu distinguir Olhão e os seus habitantes, passando de lugar a Vila e ordenando que «se denomine Vila de Olhão da Restauração». E foi esta história e herança que se começaram a comemorar logo pela manhã do feriado municipal, com o hastear da bandeira nos Paços do Concelho. Seguiu-se, no Largo da Restauração, a merecida homenagem aos heróis da Restauração de 1808.
Depois, foi hora de perambular a pé pelo centro histórico de Olhão, ou pelo Caminho das Lendas, para se proceder à inauguração de esculturas da olhanense Isa Fernandes nos Largos do Gaibéu e da Fábrica Velha. Após uma breve visita ao novo relvado sintético do Estádio Municipal (obra orçada em sensivelmente 150 mil euros), mais uma inauguração, desta feita do Centro Comunitário e Refeitório Social Ana Dias, este com um custo superior, na ordem dos 650 mil euros, comparticipado pelo Programa PROMAR em 500 mil euros. “Sabemos bem a importância da prática desportiva dos mais novos, quer do ponto de vista da saúde, como da formação pessoal em termos coletivos. E este equipamento social, inserido no Bairro da Armona, desempenha um papel fundamental junto das crianças”, referiu António Miguel Pina numa breve pausa do programa.
Ao meio dia, o Salão Nobre dos Paços do Concelho acolheu a habitual Sessão Solene Comemorativa do Dia da Cidade, durante a qual a Autarquia atribuiu Medalhas de Mérito Grau Ouro a dois olhanenses, ao jurista António Cabrita e ao jornalista Augusto Madureira. Já na posse da palavra, o presidente da Câmara Municipal lembrou que este concelho é feito de memórias partilhadas, de referências comuns, de património coletivo, de vivências e de conhecimento, antes de colocar os olhos no presente e no futuro. “Temos obrigação de fazer crescer a nossa cidade e concelho, de fazer mais e melhor. Nos meados do século XIX conhecemos uma enorme pujança económica, nomeadamente após a abertura da Alfândega na nossa cidade, que tornou Olhão num dos mais importantes postos aduaneiros do Algarve. A pesca e os produtos regionais marcavam toda a diferença”, recorda António Miguel Pina.
Em sequência desse fulgor, foi criada, em 1864, a Capitania do Porto de Olhão e, um ano mais tarde, o Tribunal Judicial de Olhão. A instalação da primeira indústria conserveira na cidade remonta a 1881 e, em 1919, eram já mais de 80 as unidades. “Contudo, o declínio da indústria conserveira e da pesca, fruto de políticas desajustadas da realidade da cidade e da região, trouxe a Olhão um empobrecimento que temos vindo a tentar inverter nos últimos anos. É certo que perdemos muitas embarcações e fábricas de conservas, mas Olhão tem sabido reinventar-se e tem crescido. Deixamos de ter vergonha da nossa frente ribeirinha e possuímos uma marginal digna, com dezenas de espaços comerciais e dois jardins, em suma, um local aprazível para receber os nossos visitantes”, destacou o edil olhanense.
António Miguel Pina sublinhou a aposta efetuada nas áreas do Desporto e da Educação e lembrou que Olhão é um dos concelhos que mais tem investido em habitação social, com cerca de 800 fogos. “Negociamos com fundos comunitários para construir equipamentos que os olhanenses mereciam ter na sua cidade, como são o caso do Porto de Pesca, das duas Zonas Industriais, do Auditório, das Piscinas, da Biblioteca e dos emblemáticos Mercados de Legumes e Peixe. Aliás, o nosso mercado é um dos maiores da Península Ibérica”, indicou o autarca, considerando que a alma olhanense tem catapultado o concelho para um nível de destaque, tanto nacional, como internacional.

Muitos sonhos para concretizar

Com vários sonhos já tornados realidade, o edil assegura que mais metas há para atingir, acrescentando que se conseguiu reduzir a dívida da autarquia e das empresas municipais em cerca de 10 milhões de euros, “fruto da transparência dos procedimentos e de uma boa relação com todas as forças partidárias democraticamente eleitas”. “Este tempo foi fundamental para que pudéssemos efetuar a consolidação financeira da autarquia, sem nunca deixar de proteger todos aqueles que mais necessitam, bem como manter os investimentos nas áreas e serviços consideradas indispensáveis, nomeadamente na ação social, na saúde, na educação e no desporto”, afirmou António Miguel Pina
Perante um Salão Nobre completamente cheio, o edil falou das consultas e operações de oftalmologia, do aumento do valor dos contratos-programa assinados com os clubes do concelho, da conclusão da cobertura das Piscinas Municipais, do novo relvado sintético do Estádio Municipal, de um novo estádio de futebol em Moncarapacho e da conclusão do ambicionado skate park. Mas António Miguel Pina falou também do que se pretende fazer depois da «casa estar arrumada», sempre com uma gestão controlada no dia-a-dia. “Está em projeto a reabilitação e ampliação da Escola N.º 5, bem como a Escola de 1.º ciclo de Quelfes e o jardim-de-infância de Pechão. Iniciamos já as obras de requalificação do Circuito de Manutenção dos Pinheiros de Marim e está projetado para essa zona mais um polidesportivo. Os parques infantis são outra prioridade, devendo ser, até ao final do ano, alvo de beneficiação e melhoramento, para além da aquisição de novos equipamentos”, adiantou.
Com vários polidesportivos a receberem intervenções nos próximos meses, o presidente da Câmara Municipal de Olhão sonha ainda com mais um campo de futebol de relva sintética para o concelho e com o Campo de Atletismo de Pechão, garantindo ainda que a ecovia Olhão-Faro será também uma realidade. “Na habitação social, verifica-se a necessidade de qualificar grande parte dos fogos, num investimento a rondar os quatro milhões de euros, pelo que a sua gestão passará para uma empresa municipal. Esta medida visa criar novas regras de administração, bem como exigir, de uma forma rigorosa, o assumir de responsabilidades de quem usufrui dos fogos”, revelou António Miguel Pina.   
O autarca mostrou-se satisfeito pelo maior fulgor que se nota no ramo imobiliário em Olhão, seja para a aquisição de casas ou apartamentos, seja para a criação de mais camas hoteleiras, mas o interior conhece igualmente maior procura no turismo rural ou de habitação. E indicou ainda que a gestão das frentes ribeirinhas de Olhão e da Fuzeta são estratégicas para o desenvolvimento do concelho. “Temos a garantia da Docapesca de que a Marina e Porto de Recreio de Olhão entrará em concurso até final de agosto, permitindo a requalificação das suas infraestruturas, bem como o aumento do número de embarcações. Mas também queremos criar o Porto de Abrigo na Fuzeta, aumentar os portos de embarcações, deslocalizar o parque de campismo e implementar outras medidas para tornar essa frente ribeirinha numa zona de excelência”, apontou António Miguel Pina. 

Leia a reportagem completa no próximo número da revista Algarve Informativo.