O Castelo de Castro Marim teve uns residentes especiais no fim-de-semana de 13 a 15 de novembro, designadamente alunos de Kung-Fu To’a Flor de Lotus, estilo fundado pelo Mestre Guilherme Luz e que este ano elegeu a tranquila vila do sotavento algarvio para o seu retiro anual. Dias de profunda introspeção, de convívio puro, mas também de comunhão com os residentes e praticantes de outras artes marciais, numa demonstração e aula prática realizada no Pavilhão Municipal de Castro Marim. E, face ao sucesso do evento, à beleza que encontraram, ao clima, à hospitalidade e à paz de espírito que rodeou o grupo, ficou a possibilidade da experiência se repetir no futuro próximo.

Texto e Fotografia: Daniel Pina

Castro Marim foi o palco escolhido para o retiro anual de Kung Fu To’a Flor de Lótus, organizado pela Associação Arte Marcial To’a Portugal e pela Kung Fu To’a Flor de Lotus do Mestre Guilherme Luz. Uns «turistas» diferentes do habitual, não haja dúvidas, algumas dezenas de praticantes desta arte marcial nascida nos templos budistas e taoistas da antiga China. Uma arte que foi concebida como técnica para manter a saúde, promover a defesa pessoal e também como meio de refinamento artístico e evolução espiritual, eternamente popularizada pelo ícone Bruce Lee. Quando ao Kung-Fu To’a Flor de Lótus, surge da compilação de vários estilos de Kung-Fu realizada pelo Mestre Guilherme da Luz, mais adaptada aos dias atuais, com foco num lugar mais interior de cada um de nós, dando mais espaço à meditação.
Em palavras à reportagem do Algarve Informativo, o Mestre Guilherme Luz, de 52 anos, confirmou que este género de retiro se tornou habitual ao longo dos últimos anos, em diferentes contextos e com ingredientes e pessoas distintas. “O objetivo principal passa pela partilha, por ser um momento diferente do ambiente das aulas, em que os alunos chegam e depois vão a correr para casa no final. Queremos comunicar, interagir, falar da comida, do dormir, conversar com mais tempo, aprofundar alguns aspetos que nas aulas é impossível. Acima de tudo, comunicação e partilha”, explica o entrevistado, que foi discípulo direto do Mestre Navid Imani, criador do estilo Kung-Fu To’a.
Uma variante que é ministrada essencialmente em Lisboa pelo próprio Guilherme Luz, embora já tenham existido polos noutros pontos do país e inclusive no estrangeiro, mas de forma desprendida e por iniciativa de alunos mais avançados que acabaram por sair da capital e partir rumo a outros destinos. “Não somos muito adeptos de organizações complexas, de espalhar o modelo. Na essência original do kung-fu, as pessoas aprendiam para elas e, se quisessem, ensinavam aos outros, com mais ou menos dedicação e regularidade. Nesse sentido, o Flor de Lotus já foi ensinado em Londres e em Leipzig, por exemplo, por pessoas que treinaram connosco. Não somos um franchising, é um método muito pessoal”, garante.